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"Empresas escolhem Oeiras porque a excelência não convive com a miséria"

As empresas são um dos ativos mais importantes do concelho de Oeiras, uma vez que, à semelhança de Cascais e Lisboa, a autarquia oeirense não recebe qualquer valor do Orçamento do Estado. Quem o diz é Paulo Vistas, presidente da Câmara Municipal de Oeiras, que este ano se recandidata ao cargo.

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Patrícia Martins Carvalho
03/04/2017 12:30 ‧ 03/04/2017 por Patrícia Martins Carvalho

País

Paulo Vistas

Oeiras tornou-se um concelho mais seguro e não é única e exclusivamente pelo aumento do número de efetivos policiais nas ruas.

A estratégia de atrair mais jovens para a zona histórica do concelho não só se traduziu numa maior dinamização do comércio tradicional, como devolveu aos moradores um maior sentimento de segurança.

E nem as empresas escapam ao modo de estar e viver em Oeiras, garante o presidente Paulo Vistas.

Conseguiu colocar em prática os projetos que tinha para o concelho?

Nós terminámos projetos, lançámos novos projetos e também estamos a ultimar projetos que vamos apresentar e também já apresentámos projetos estruturante, um dos quais me toca muito. Mas nós próprios somos vítimas da burocracia. Lançar uma obra de reabilitação ou um procedimento para aquisição de um imóvel são procedimentos muito pesados que têm ir a visto do Tribunal de Contas, que têm de respeitar aquilo que é o código da contratação pública… Tudo isto, infelizmente, não nos permite avançar com a celeridade que queríamos.

O projeto de que falava há pouco é o da requalificação das linhas de água do concelho?

Sim. É um investimento de 50 milhões de euros a 12 anos que irá permitir requalificar as cinco principais linhas de água do concelho e, dessa forma, aproximar a população do interior do concelho ao litoral. Os habitantes das freguesias mais distantes da orla ribeirinha terão, através das margens das cinco principais ribeiras, a possibilidade de se deslocarem a pé ou de bicicleta até à frente ribeirinha

A reestruturação dos espaços verdes e a renovação da frente ribeirinha é uma estratégia para atrair pessoas e empresas para o concelho?

Todo o investimento que fizemos e queremos continuar a fazer na frente ribeirinha vai ao encontro daquilo que pretendemos do ponto de vista do reforço da competitividade territorial de Oeiras e isso inclui continuar a atrair empresas. As empresas têm um papel muito importante uma vez que o nosso orçamento não tem um euro do Orçamento do Estado – a nossa receita orçamental provém da derrama, do IRC das empresas, das famílias através da participação no IRS, do IMI e do IMT e das taxas e licenças e outras receitas que temos. A derrama e as empresas têm um peso muito grande, porque o IRS das famílias depende de como estas empresas remuneram estas famílias. Normalmente são empresas de base tecnológica e que geram muito valor, que têm uma grande capacidade de gerar riqueza e remuneram acima da média. É por isso que temos em Oeiras um dos maiores rendimentos per capita do país e Oeiras apresenta também um dos maiores poderes de compra a nível nacional.

Se Oeiras quer continuar a atrair empresas de excelência tem de continuar o combate à pobreza, à misériaPorque é que as empresas escolhem Oeiras para se estabelecerem?

Porque procuram condições do ponto de vista do local de trabalho, procuram espaços aprazíveis e que tenham oferta de lazer, cultural, desportiva e daí a importância do investimento na frente ribeirinha, na criação de infraestruturas que permitam às pessoas que trabalham nas empresas desfrutar do Tejo, do mar, da paisagem, poderem fazer exercício físico, confraternizarem. Escolhem Oeiras porque a excelência não convive com a miséria. Se Oeiras quer continuar a atrair empresas de excelência tem de continuar o combate à pobreza, à miséria. Oeiras tem de continuar a implementar políticas que visam o reforço da coesão social, pois este reforço também torna o nosso território num dos territórios mais seguros da área metropolitana.

Como é que se torna um concelho num dos territórios mais seguros do distrito de Lisboa?

Não se incrementa os níveis de segurança apenas e só com mais efetivos policiais. A segurança reforça-se com políticas sociais e Oeiras hoje é, efetivamente, dos municípios com maior sentimento de segurança da área metropolitana de Lisboa porque continua a investir em políticas sociais. É por aí também que as empresas escolhem Oeiras. Ao estarem em Oeiras, as empresas envolvem-se. É por essa razão que nós temos o programa ‘Oeiras Solidária’ de responsabilidade social que visa envolver as empresas em projetos de âmbito social, cultural, desportivo e ambiental, ou seja, leva as empresas a participarem ativamente na construção de uma comunidade mais justa, mais perfeita e mais feliz.

Quanto ao problema da mobilidade, tudo o que possamos fazer, município a município, são paliativos, são pensos rápidosAs empresas quando escolhem um município para se estabelecerem também têm em conta a rede de transportes.

A mobilidade em Oeiras mesmo assim está melhor do que nos restantes municípios da área metropolitana de Lisboa. A mobilidade não é um problema apenas de Oeiras, é um problema de uma grande área metropolitana que se chama Lisboa. Há um contínuo urbano entre Oeiras, Lisboa, e Cascais. Hoje temos o mesmo número de pessoas a entrar e a sair de manhã de Oeiras para Lisboa e vice-versa. A mobilidade não acontece apenas no território geográfico do município de Oeiras ou de Cascais. O problema da mobilidade para ser resolvido de forma estrutural tem que ser resolvido num âmbito supra municipal. Tudo o que possamos fazer, município a município, são paliativos, são pensos rápidos.

Fala de uma política metropolitana?

Eu defendo que o concelho metropolitano tem de ter um papel ativo naquilo que é o estabelecimento de políticas de transporte, na sua fiscalização, no seu licenciamento e na articulação entre os vários sistemas. Ou existe verdadeiramente uma política metropolitana e uma autoridade metropolitana capaz de resolver os problemas da mobilidade ou então é uma questão de paliativos. No entanto, há questões que estão hoje por resolver.

Em Oeiras especificamente?

Sim. Vamos em breve iniciar uma obra que é o viaduto da Quinta da Fonte. Estamos em fase de revisão de projeto e lançamento de concurso para a obra. Nunca foi feito e deveria ter sido feito até porque hoje a Quinta da Fonte pode perder competitividade no que diz respeito à atracão de novas empresas se não se fizer esta obra que é estruturante.

Depois há também a questão dos acessos e das saídas da A5, nomeadamente para o nó da CRIL. Aqui o acontece é uma vergonha, as pessoas demoram imenso tempo para conseguirem aceder à CRIL. Devia haver duas faixas e neste momento só há uma, o que faz com que todo o interior de Linda-a-Velha e Carnaxide fique completamente entupido. É também urgente fazer mais uma entrada para a A5 no sentido Cascais-Lisboa, pois só existe uma. E estamos a falar do troço mais rentável do país [entretanto, estas exigências foram ouvidas pela Brisa, que anunciou que serão feitas obras].

Está também nos planos a construção da Via Longitudinal Norte.

Futuramente é nossa intenção levar por diante a construção da VLN e até já temos alguns troços construidos. A VLN é uma via que acompanha a A5 paralelamente, mas a norte, e que fará a ligação do concelho de Lisboa, passando por Oeiras, até ao de Cascais. Essa via irá permitir retirar o trânsito da Marginal, pois é nossa ambição que a Marginal se torne numa avenida urbana e que deixe de ser uma via de atravessamento do concelho com aquele volume de tráfego com o perigo que ela representa para o peão.

Nem sempre as coisas avançam ao ritmo de que gostaríamos, mas nós somos vítimas da burocracia ao nível dos procedimentosA estratégia da habitação jovem na zona história foi bem sucedida?

Foi e está a ser uma estratégia bem sucedida. Neste momento levamos uma boa taxa de execução, superior aos 50%. Nem sempre as coisas avançam ao ritmo de que gostaríamos, mas nós somos vítimas da burocracia ao nível dos procedimentos. Já atribuímos vários fogos a jovens que vieram ajudar a repovoar os centros históricos e dar-lhes vida, porque também se tornaram nos novos clientes do comércio tradicional, também trouxeram com a sua presença um incremento do sentimento de segurança nas pessoas que aí vivem, que é uma população muito envelhecida. A nossa ideia com o programa Habitar Oeiras foi a de contrariar a tendência de saída dos nossos jovens que dificilmente conseguiam encontrar soluções habitacionais aqui em Oeiras. O facto de irem viver para os centros históricos é um fator de regeneração dos mesmos.

*Pode ler a primeira parte desta entrevista aqui.

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