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"Se não fosse proposta do PS, Porto tinha desistido da candidatura à EMA"

Manuel Pizarro é o candidato do PS à Câmara Municipal do Porto e o entrevistado de hoje do Vozes ao Minuto. Fique com a segunda parte desta conversa.

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Notícias Ao Minuto
01/08/2017 12:30 ‧ 01/08/2017 por Notícias Ao Minuto

Política

Manuel Pizarro

Otimista de que o Porto vai receber a Agência Europeia do Medicamento (EMA), Manuel Pizarro conta, se for eleito, resolver com celeridade a situação no Mercado do Bolhão. Pelo meio deixa críticas à falta de ideias do Movimento de Rui Moreira.

O candidato socialista acredita que o partido vai recuperar a liderança na Área Metropolitana do Porto. Julga que o PS não vai ser afetado nas autárquicas pelos recentes casos que abalaram o Governo. Manuel Pizarro deixa ainda críticas ao PSD pela forma como geriu o caso André Ventura.

Combater as desigualdades no Porto é um dos seus objetivos, mas não tem sido fácil resolver os problemas nos bairros mais carenciados, como por exemplo o do Aleixo. O que pretende fazer para mudar este cenário?

Apesar de tudo, neste mandato houve melhorias muito significativas em matéria de coesão social na cidade do Porto. Por exemplo, no que diz respeito à face mais visível – é apenas a mais visível – da pobreza extrema, das pessoas sem-abrigo, houve melhorias. Devemos ficar satisfeitos com essas melhorias, hoje as condições de alimentação são melhores. Já há programas de alojamento para essas pessoas. Mas não nos podemos esquecer de que há muitas outras pessoas a quem essa resposta ainda não chegou. É um trabalho que temos de prosseguir com muita energia e com uma visão estratégica que implementei neste mandato. Para que este trabalho seja bem sucedido a prazo, nós temos que envolver uma rede especial, temos de ter como parceiros principais as organizações que estão no terreno, com muita flexibilidade, agilidade próxima dos problemas.

Em relação ao Aleixo, esse é um problema que ficará mesmo resolvido. Na minha proposta, procedemos à liquidação do fundo que é hoje proprietário do bairro do Aleixo, isso aliás é uma das despesas que a Câmara terá com o programa de renda acessível e esse será um dos terrenos que será utilizado neste programa, permitindo às pessoas de variadas classes sociais, nomeadamente a classe média, possam morar nesses terrenos. Eu diria que o Aleixo é um exemplo do que não se deve fazer numa política de, supostamente, coesão social. 

Aquilo que interessa às pessoas do Porto é conhecer com rigor as propostas de cada um dos candidatos para a cidade. Da candidatura de Rui Moreira, até agora, nessa matéria ouvimos zero

Acolher a sede da Agência Europeia do Medicamento é um passo para consolidar o crescimento e reforçar a dimensão europeia que a cidade do Porto tem vindo a ganhar nos últimos anos?

Começo por me manifestar satisfeito pelo facto de o Governo ter reconhecido que a candidatura que estava em melhores condições era a do Porto. Foi uma luta muito tenaz, uma luta na qual sinto que dei o meu melhor e que se não tivesse sido a proposta que o Partido Socialista fez, a Câmara já tinha desistido, já tinha dado esta luta como perdida. Nós fomos muito incisivos na ideia de que, até podíamos perder, não podíamos era deixar de usar os nossos argumentos e deixar de envolver o melhor que a cidade tem. Nos diferentes setores ligados à saúde, unidade de prestação de cuidados de saúde, instituições de ensino superior, economia, para que este objetivo fosse possível. Agora tenho consciência de que temos uma fase mais complexa, que é a fase de conseguir internacionalmente convencer a União Europeia de que a candidatura do Porto é a melhor candidatura. Mas acho que essa possibilidade existe, e devo dizer-lhe que esta conquista seria tão importante para a cidade e para a região, que justifica o esforço que vamos fazer. Estamos a falar de 900 postos de trabalho fixos, ainda por cima com um nível salarial muito elevado, de uma agência que tem um orçamento anual de 300 milhões de euros, é um orçamento superior ao orçamento da Câmara Municipal do Porto. Uma agência que gera centenas de dormidas em cada semana nos hotéis, em função do número elevado de reuniões presenciais que são realizadas.

Agora tenho noção que estamos numa fase em que temos de olhar para além do Porto para termos uma candidatura vencedora. Se nós vencermos, não teremos condições para fornecer as 900 casas para as famílias dos profissionais que a Agência Europeia do Medicamento necessita. Precisamos de olhar para a oferta em Matosinhos, em Gaia. Precisamos de ser muito incisivos nesta abordagem metropolitana e o Porto faria e fará muito mal se quiser olhar para si próprio como uma espécie de cidade fortaleza, isolada daquilo que a rodeia. Por isso eu também tenho uma grande ambição metropolitana, em relação à futura gestão que me proponho a fazer na Câmara Municipal do Porto.

As obras no Mercado do Bolhão voltaram a ser adiadas. Mantém o seu projeto para o Bolhão? Vai tentar fazê-lo avançar com maior celeridade se for eleito?

Não tenho uma informação profunda pela razão pela qual ocorreu o novo adiamento de alguns meses. Deixei de ter uma ligação à Câmara Municipal do Porto, deixei de ter uma ligação direta à forma como o processo está a ser conduzido. Devemos fazer todos os esforços para que este processo decorra com celeridade e para que haja a menor conflitualidade possível nesta fase do concurso. A boa notícia é que foi possível conseguir que no essencial o projeto do Bolhão conduza aquilo que era a nossa aspiração, manter o mercado público de frescos, utilizado pelos cidadãos do Porto e respeitando os direitos dos vendedores, alguns dos quais há mais de meio século são vendedores no Mercado do Bolhão, e que também fazem parte da identidade do Bolhão.

A ideia no Bolhão não é fazer um museu sobre o que era o mercado de frescos no Bolhão há 100 anos, mas sim ter um mercado de frescos moderno, que seja utilizado pelos portuenses, por aqueles que visitam a cidade. Acho que isso vai ser conseguido. Espero ser capaz de fazê-lo no menor espaço de tempo possível. A verdade é que quando formos capazes de resolver todas as questões relacionadas com o concurso, dois anos depois teremos este Mercado do Bolhão renovado.

O Porto faria e fará muito mal se quiser olhar para si próprio como uma espécie de cidade fortaleza, isolada daquilo que a rodeia

Tem reforçado que não quer uma campanha de casos. Os restantes adversários de Rui Moreira continuam a insistir no caso Selminho. Vai continuar a deixar este caso fora da sua campanha?

Não me parece que haja muito interesse em desviar o essencial da campanha eleitoral, que é sobre o futuro do Porto, o que nós queremos fazer verdadeiramente pelo futuro dos portuenses, arranjando coisas laterais que não são relevantes. Essa é a minha posição e a posição do PS. Mas também lhe devo dizer que com surpresa tenho assistido à campanha de Rui Moreira, a distrair as atenções dos portuenses com questões laterais. Atacando o Bloco de Esquerda por causa da escolha gráfica para o seu cartaz, atacando o Partido Socialista por causa da divulgação de um vídeo no Facebook, tudo isso me parece lamentável. Aquilo que interessa às pessoas do Porto é conhecer com rigor as propostas de cada um dos candidatos para a cidade. Da candidatura de Rui Moreira, até agora, nessa matéria ouvimos zero. 

É possível uma Geringonça no Porto?

Esse é um cenário que tem de ser deixado para depois das eleições. Em primeiro lugar tenho de me fazer eleger como presidente da Câmara Municipal do Porto, o que significa que tenho de continuar a trabalhar para que o PS seja o partido mais votado nas eleições de dia 1 de outubro. Haverá seguramente tempo e condições para se encontrar o modelo de governação mais favorável para a cidade.

Só vê como um bom resultado a vitória?

É mesmo o único que me permite governar a cidade, é aquele a que aspiro e que acho que está ao meu alcance.

Qual é o próximo passo para a cidade do Porto, quão mais poderá crescer a cidade em termos de dimensão europeia?

Diria que temos de fazer isto em duas componentes. Uma delas é atrair e fixar residentes. Os dados do INE mostram que a cidade continua a perder habitantes em relação ao censo de 2011, significa que esse problema tem de ser considerado prioritário. A sustentabilidade da cidade exige que tenhamos capacidade para fixar mais residentes e mesmo para melhorar a nossa taxa de natalidade. Nascem na cidade do Porto em cada ano, em média, duas mil crianças. É muito pouco para uma cidade projetar o futuro.

Outra componente, que tem a ver com a atração do investimento, tem de ser encarada não apenas na lógica do município do Porto, mas na lógica metropolitana. O que estamos a verificar é que muitos dos investidores que estão interessados em trazer as suas empresas nacionais ou multinacionais para o Porto têm exigências em matérias de espaços disponíveis, e que são incompatíveis com uma cidade que, é grande na sua alma e no seu espírito, mas é do ponto de vista geográfico relativamente limitada. Limitada pela circunvalação, pelo rio Douro, pelo oceano Atlântico. 

Numa sociedade democrática e evoluída como a portuguesa não pode haver espaço para que agentes políticos responsáveis, se pronunciem em termos que são de conteúdo profundamente racista, populista

Os recentes casos que têm afetado o Governo – o incêndio de Pedrógão Grande, o assalto a Tancos e o Galpgate – poderão afetar o partido e pesar nos candidatos do PS às autárquicas?

De todo. Até porque acho que em cada um deles o Governo foi capaz de dar uma resposta adequada. Diria que respostas de natureza definitivas em relação ao chamado Galpgate e a Tancos, e respostas de natureza estrutural, com efeito mais prolongado no tempo no que diz respeito à questão dos incêndios. Devemos evidentemente lamentar aquilo que foram as vidas humanas perdidas em Pedrógão Grande, um desastre de enormes proporções. Mas o que não podemos e não devemos fazer é deixar de tomar as medidas necessárias para que acidentes como aquele não se voltem a repetir. 

Se voltarmos a ter a incidência de incêndios e a gravidade dos fogos florestais que temos tido nas últimas décadas, mais ano menos ano, voltaremos a confrontar-nos com um desastre humano destas proporções. 

Como encara as polémicas declarações do candidato André Ventura e a manutenção do apoio do PSD?

Numa sociedade democrática e evoluída como a portuguesa não pode haver espaço para que agentes políticos responsáveis se pronunciem em termos que são de conteúdo profundamente racista, populista e que querem alimentar estereótipos em relação a uma comunidade, seja ela qual for. A mim não me passa pela ideia que isso seja possível e acho que só revela o estado de degradação e deterioração do PSD que isso não tenha consequências do ponto de vista da manutenção do apoio a esse candidato, para uma Câmara tão importante como a de Loures.

Que mensagem quer deixar aos eleitores portuenses? Por que razão devem votar em Manuel Pizarro?

O Porto é uma cidade de pessoas profundamente envolvidas no dia a dia da urbe. As pessoas do Porto conhecem-me, conhecem o trabalho que fiz nestes quatro anos na Câmara e sabem que se for eleito presidente da Câmara continuarei a falar com todas e com cada uma delas, a estar atento aos seus problemas e sobretudo a ser capaz de executar as medidas que são necessárias para melhorar a vida da cidade e para assegurar o progresso individual e o progresso coletivo da cidade.

Pode ler aqui a primeira parte desta entrevista

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