Durante a sessão de hoje do comité, a responsável pelo painel de avaliação indicou que a candidatura de Timor-Leste preenchia todos os critérios para a classificação, bem como para a assistência financeira, no montante de 265 mil dólares (234,5 mil euros), salientando a colaboração das comunidades locais no desenvolvimento do projeto.
A decisão do comité representa a primeira classificação como Património Cultural Imaterial de Timor-Leste, o que foi saudado pela organização.
De acordo com a decisão, o projeto proposto tem a duração de três anos e inclui atividades como a promoção do 'tais' em feiras, a criação de um programa televisivo e o acrescento deste elemento aos currículos escolares.
Ao nível da investigação, o projeto implica o recrutamento de um perito para trabalho de campo, que documente e fotografe as matérias-primas usadas e os produtos de 'tais' nos mercados e nas comunidades locais.
"Os resultados desta investigação vão ser publicados em três línguas e usados para desenvolver uma exposição permanente, que vai inclui apresentações ao vivo de tecelões. Professores vão, então, receber formação sobre a exposição e ser encorajados a levar os seus alunos, como parte das atividades extracurriculares", pode ler-se no texto, que prevê também a criação de um concurso para jovens.
Os documentos de nomeação, preparados por Timor-Leste, notam que "o 'tais', o têxtil tradicional de Timor-Leste, é um património cultural que tem sido passado dos ancestrais, de geração em geração".
Assume "um papel importante na vida do povo timorense, desde o seu nascimento até à morte", com as peças a serem usadas para receber convidados, para mostrar a identidade cultural e classe social, variando em estilo e cores de região para região do país.
"Também é usado como objeto de valor, por exemplo, no 'barlake' (dote) que é dado da família da noiva à família do noivo. É usado não só como um elemento para estreitar a relação entre famílias, mas também para pagar 'multas' quando as pessoas não seguiram as regras dentro da comunidade", referem os documentos a que a Lusa teve acesso.
Com uso tanto masculino como feminino, e em vários formatos, os 'tais' têm "uma variedade de cores e motivos, variando por grupos étnicos", com cada vez mais produção nacional e o crescente uso de partes de 'tais' noutros produtos nacionais.
O 'tais' é tradicionalmente feito de algodão, com plantas naturais a ser usadas para tingir a cor, sendo normalmente tecido por mulheres, de forma manual, usando equipamentos simples como a 'atis', o 'kida', e outros.
O orçamento proposto, que acompanha a nomeação do 'tais', prevê um investimento de cerca de 452 mil dólares, durante três anos, para financiar essa promoção, do qual cerca de 60% provenientes da própria UNESCO.
A nomeação do 'tais' faz parte de uma longa lista de propostas que os membros do comité vão analisar, até sábado.
Leia Também: Falta Linha do Douro no 20.º aniversário do Património Mundial da UNESCO