As declarações de Roger Waters, o icónico co-fundador dos Pink Floyd, ao governo ucraniano continuam a valer ao músico muitas críticas e, na Polónia, terão levado mesmo ao cancelamento de dois concertos, agendados para 2023 em Cracóvia.
O cancelamento surge dias antes de a autarquia votar a favor de considerar Waters como uma 'persona non grata', como uma demonstração de "indignação" pelas palavras de Waters sobre a guerra.
No sábado, os gestores do recinto acusaram Roger Waters de cancelar o concerto por iniciativa própria. No entanto, o artista atacou uma entidade autárquica, que promoveu o boicote aos seus concertos.
"O Lukasz Wantuch não parece querer saber nada da história do meu trabalho, da minha vida, a custo pessoal e em serviço dos direitos humanos", escreveu Waters no Facebook, acusando o autarca de "censura draconiana" do seu trabalho.
No início do mês de setembro, o músico, autor de algumas das letras mais conhecidas dos Pink Floyd e pelos seus comentários anti-imperialistas, escreveu uma carta aberta à primeira dama da Ucrânia, Olena Zelenska, na qual culpou "nacionalistas extremistas" ucranianos por "conduzir o país rumo a esta desastrosa guerra".
Waters também criticou o apoio do Ocidente à Ucrânia sob a forma de armas, manifestando a sua corrente pacifista e pedindo que Kyiv cedesse em prol do diálogo e da paz.
No Facebook, o cantor remeteu ainda para uma das suas letras mais famosas, da música 'Another Brick In The Wall', escrevendo a Lukasz Wantuch para "deixar as crianças em paz!".
Esta não é a primeira vez que Roger Waters comenta questões de geopolítica, normalmente apontando para questões antidemocráticas ou imperialistas. Waters é um conhecido apoiante do movimento BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), que promove o boicote económico, político, académico e cultural ao regime israelita, devido à ocupação ilegal dos territórios da Palestina.
Em concertos no Brasil, o músico atacou Jair Bolsonaro pela sua mensagem populista e homofóbica, antes das eleições brasileiras de 2018; e, mais tarde, criticou a realização de um concerto que pretendia recolher fundos para os venezuelanos, atacando os Estados Unidos de quererem manchar a imagem do regime de Maduro (que, na altura, tinha acabado de executar manifestantes em Caracas).
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