Orquestra Metropolitana de Lisboa estreia obras para guitarra portuguesa

A Orquestra Metropolitana de Lisboa (OML) estreia, no próximo sábado, duas peças para guitarra portuguesa, uma de autoria de Miguel Amaral e outra de Dimitris Andrikopoulos.

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Lusa
30/10/2023 16:27 ‧ 30/10/2023 por Lusa

Cultura

OML

A OML, sob a direção musical do maestro Pedro Neves, apresenta o programa "Raízes. Porto Bay", no Teatro Thalia, em Lisboa, sendo solista o guitarrista Miguel Amaral, que toca uma guitarra portuguesa de Coimbra, com afinação de Lisboa, uma tradição iniciada por José Fontes Rocha (1926-2011).

O programa a apresentar inclui as estreias de "Uma estranha melodia feita de todos os sonhos", de Miguel Amaral, e o Concerto para Guitarra Portuguesa, de Dimitris Andrikopoulos, além do poema sinfónico "Vathek", de Luís de Freitas Branco, na versão de Joly Braga Santos para orquestra de câmara.

A OML realça, em comunicado, a singularidade da guitarra portuguesa, nomeadamente, as seis ordens duplas de cordas metálicas, a afinação, a caixa de ressonância em forma de pêra e a cravelha em disposição de leque, referindo que o instrumento está ligado "ao fado, à boémia urbana, às raízes e à identidade histórica do nosso país".

Em declarações à agência Lusa, Miguel Amaral afirmou que só o facto de se estrearem duas peças para guitarra portuguesa e orquestra "abre portas ao instrumento".

"O repertório para esta formação é muito escasso e conseguimos assim expandi-lo. Por outro lado este tipo de iniciativas vem no seguimento da minha intenção de autonomizar a guitarra portuguesa em relação ao fado e integrá-la nos mais diversos contextos, seja na música contemporânea, no jazz ou mesmo na música antiga", afirma o músico portuense.

Relativamente, ao concerto no Thalia, Amaral afirmou que "transporta o instrumento para o universo da música contemporânea tendo um papel solista em frente à orquestra".

Questionado sobre a sua obra, Miguel Amaral afirmou que "é uma obra inspirada no romance 'Para Sempre',de Vergílio Ferreira, e é uma passagem entre o sonho, a realidade, o presente e o passado".

"Embora seja uma peça com linguagem erudita contemporânea, procura integrar alguns elementos da linguagem tradicional da guitarra portuguesa, cirando um novo universo e uma nova tradição", disse.

No comunicado de apresentação do concerto enviado à Lusa, o compositor Dimitris Andrikopoulos, por seu turno, afirma: "O Concerto para Guitarra Portuguesa e Orquestra é um novo passo na minha colaboração com o excelente guitarrista Miguel Amaral, a qual começou há doze anos com a obra 'Clamor', para guitarra portuguesa e eletrónica, e com a banda sonora original do documentário de Jorge Campos, 'Nadir Afonso -- O Tempo Não Existe', onde a guitarra portuguesa serve como fonte sonora".

"Nesta nova obra a guitarra portuguesa é levada uma vez mais para fora do seu espaço habitual (a música de Fado). Pretende-se explorar as enormes capacidades técnicas e expressivas deste instrumento emblemático português. Durante o processo de criação decidi manter o seu caráter melódico e utilizar gestos musicais que fazem parte da sua narrativa musical. Porém, no caso do Concerto, tais gestos são levados para outras narrativas expressivas", acrescenta o compositor grego.

"Como em outros trabalhos recentes meus, utilizei nesta criação elementos musicais que têm origem na música tradicional do Mediterrâneo Oriental, em particular da Grécia, que, tal como na utilização que faço da guitarra portuguesa, são conduzidos além do seu contexto original e reinterpretados através de um prisma pessoal. Um outro objetivo que esteve presente durante o processo criativo foi o desafio de estender as capacidades técnicas do instrumento", explica Dimitris Andrikopoulos.

"O Concerto para Guitarra Portuguesa e Orquestra é desafiante para o intérprete em diversos níveis. É uma obra exigente que o obriga a uma reavaliação das capacidades técnicas e expressivas. Neste ponto, a contribuição do Miguel Amaral foi fundamental porque, através de um diálogo constante entre os dois, foram encontradas soluções para desafios técnicos que, por um lado, não alteraram as minhas intenções enquanto compositor e, por outro, respeitam mais a natureza do próprio instrumento", conclui o compositor.

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