No seu novo livro "War" ("Guerra"), Bob Woodward - um dos jornalistas que revelou o escândalo Watergate - apresenta uma rara visão dos bastidores da política norte-americana, repleta de insultos proferidos por Joe Biden contra o aliado Netanyahu ou contra Putin.
"Bibi Netanyahu, ele é um homem mau. Ele é um homem muito mau", declarou Biden, em contexto privado, a um dos seus associados na primavera de 2024, enquanto a guerra de Israel em Gaza se intensificava.
Excertos do livro de Woodward foram publicados pela rede internacional CNN que, a par dos jornais New York Times e do Washington Post, teve acesso a uma cópia da obra, que será lançada na próxima semana.
De acordo com o livro, Biden terá ainda usado termos injuriosos ao referir-se a Netanyahu.
Enquanto apoiava Israel publicamente, o chefe de Estado norte-americano contestava nos bastidores a forma como Netanyahu estava a conduzir a guerra em Gaza, com a frustração de Biden a aumentar à medida que o conflito se intensificava.
"Você sabe que a perceção de Israel ao redor do mundo é cada vez mais de que é um Estado desonesto, um ator desonesto", disse o Presidente dos Estados Unidos a Netanyahu.
Biden também não poupou nas críticas ao homólogo russo.
"Aquele maldito Putin", disse igualmente Biden aos seus conselheiros na Sala Oval da Casa Branca, pouco depois da invasão da Ucrânia pela Rússia, tendo também injuriado o Presidente russo, de acordo com Woodward.
"Putin é mau. Estamos a lidar com o epítome do mal", acrescentou.
Com base em centenas de horas de entrevistas com fontes diretas, "War" está repleto de detalhes sobre as interações de Biden e do seu antecessor e atual candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump, com líderes mundiais.
O livro explora igualmente as guerras políticas e pessoais que Biden travou durante a sua Presidência, incluindo detalhes sobre a decisão de se afastar da campanha de 2024 e conversas sobre os problemas legais do seu filho Hunter Biden.
Além disso, Woodward indica que Donald Trump falou secretamente com Vladimir Putin pelo menos sete vezes desde que deixou o cargo presidencial, mesmo enquanto pressionava os republicanos a bloquear a ajuda militar à Ucrânia.
Uma das revelações mais surpreendentes é a de que, no início da pandemia de coronavírus, Trump enviou testes de covid-19 a Vladimir Putin para seu uso pessoal.
Segundo o jornalista, Putin, aterrorizado pelo vírus, aceitou os testes, mas tentou evitar que Trump saísse prejudicado pelo gesto.
"Não quero que conte a ninguém, porque as pessoas ficarão zangadas consigo, não comigo", terá dito o Presidente russo, no início de 2020.
O conteúdo do livro levanta novas questões sobre o relacionamento de Trump e Putin a poucas semanas dos norte-americanos irem às urnas e decidirem se o ex-presidente regressará a Casa Branca.
No início de 2024, Trump ordenou a um dos seus assessores que saísse do seu escritório em Mar-a-Lago, a sua mansão na Florida, para poder realizar uma chamada telefónica privada com o líder russo.
O assessor, que não foi identificado, disse que os dois políticos podem ter falado meia dúzia de outras vezes desde que Trump deixou a Casa Branca.
Desde que deixou o cargo presidencial, Trump continuou a elogiar publicamente Vladimir Putin, a quem classificou de "génio". O magnata republicano tem-se recusado a dizer se a Ucrânia deveria vencer o atual conflito iniciado com a invasão russa.
Trump tem garantido que, se vencer a eleição presidencial de 05 de novembro, acabará com a guerra na Ucrânia em 24 horas e que o fará antes mesmo de tomar posse, apesar de não especificar como.
Numa declaração à imprensa, o porta-voz de Trump, Steven Cheung, afirmou que "nenhuma dessas histórias inventadas por Bob Woodward é verdadeira".
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