Cantor e ativista Saint Levant levou a Bruxelas pop e apoio a Gaza

 O cantor palestiniano Saint Levant levou esta segunda-feira a Bruxelas a sua multicultural música pop, fruto da infância em Gaza e de ter vivido na Jordânia e agora morar nos Estados Unidos, ecoando também palavras de apoio à Palestina.

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© Mondadori Portfolio via Getty Images

Lusa
18/11/2024 23:08 ‧ 18/11/2024 por Lusa

Cultura

Médio Oriente

Foi com um hino à luta revolucionária e à determinação que o cantor palestiniano Saint Levant começou esta noite o seu concerto na capital das instituições europeias, o segundo após um anterior na primavera do ano passado e o primeiro desde a guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza após o ataque terrorista desta organização em 07 de outubro de 2023.

 

Tocaram os primeiros acórdãos de "On this land" (Nesta terra, em português) e as centenas de espetadores que aguardavam Saint Levant num concerto esgotado vários meses na sala de espetáculos Ancienne Belgique, no centro de Bruxelas, não esconderam a satisfação por, finalmente, verem ao vivo a cara e a voz da luta pelo povo palestiniano através da música pop. Há um ano e meio, havia 200 pessoas na audiência, hoje estavam quase 2.000.

Aos 24 anos, Saint Levant (cujo nome é Marwan Abdelhamid), filho de mãe franco-argelina e de pai palestiniano-sérvio, inclui na sua música uma mistura de culturas, com canções em árabe, inglês e francês acompanhadas por ritmos nostálgicos, como é o caso desta primeira música, que serviu de banda sonora à revolução na Líbia durante a primavera Árabe e que hoje o cantor canta para lamentar os ataques israelitas em Gaza.

Quando se assinala mais de um ano do conflito, Saint Levant está em digressão mundial com o seu álbum "Deira", nome que remete ao hotel de 22 quartos à beira-mar que os seus pais construíram em 2000 em Gaza e que o exército israelita destruiu com um bombardeamento em 2023.

O contexto geopolítico tem vindo a marcar a carreira de Saint Levant e tornou-se mais presente com o reacender das tensões no Médio Oriente, mas nem isso tira a esperança ao cantor, que um dia quer voltar a Gaza, como o expressou na canção que se seguiu em Bruxelas, "Comme C'est Beau" (Como é bonito), uma faixa melancólica com um toque moderno da música tradicional argelina misturada com hip-hop e pop.

Seguiu-se "5 am in Paris" (Cinco da Madrugada em Paris), canção na qual Saint Levant diz ter "o corpo" na capital francesa, mas o "coração em Gaza".

Acompanhado por fãs de diferentes origens (da Argélia, Marrocos, Tunísia e Líbano, por exemplo) unidos pela defesa da Palestina - não fossem as várias bandeiras e os vários lenços kufiya espalhados pela sala -, o cantor acabou por partilhar sentir-se "estranho por estar em palco quando existe um genocídio brutal em Gaza".

"Não é um conflito, não é uma guerra, é um genocídio e são quase 100 anos de ocupação [israelita]", disse Saint Levant, com a audiência a gritar de seguida "Libertem a Palestina".

Depois de canções como "Nails" (Unhas), ou "Facetime", chegou "Very few friends" (Muitos poucos amigos), a faixa que em novembro de 2022 o trouxe para a ribalta, após ter tido cerca de dois milhões de visualizações num mês na plataforma YouTube e de se ter tornado popular em redes sociais como TikTok ou Instagram.

Mas foi em "From Gaza with love" (De Gaza com amor) que os espetadores foram à euforia, saltando e gritando o refrão em francês, que o cantor que já veio dizer, ainda antes da guerra, ser dirigido a líderes ocidentais: "Continuez a parler, on vous entends pas" (Continuem a falar, não vos conseguimos ouvir).

O concerto, no qual divulgou novas faixas, terminou com a canção que dá nome ao álbum, "Deira", que resulta da cooperação com um jovem rapper palestiniano de 15 anos, MC Abdul, na qual abordam a estima pela Palestina.

Este que poderia ser apenas ser mais um concerto de música pop, levou a Bruxelas notas de pesar, mas também esperançosas, de celebração da cultura palestiniana, da resiliência do seu povo e do seu firme desejo pela liberdade.

A guerra de Israel em Gaza já fez quase 44 mil mortos (quase 2% da população).

Leia Também: Anitta dá 'puxão de orelhas' a fã durante concerto

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