A União Europeia de Radiodifusão (UER), responsável por organizar o Festival Eurovisão da Canção, reconheceu que "existem preocupações e opiniões muito profundas sobre o atual conflito no Médio Oriente", mas defendeu a participação de Israel, uma vez que "todos os membros são elegíveis para concorrer".
"Congratulamo-nos com o facto de a RTVE ter confirmado o seu compromisso com o Festival Eurovisão da Canção e reconhecemos que existem preocupações e opiniões muito profundas sobre o atual conflito no Médio Oriente", lê-se num comunicado divulgado na passada sexta-feira, após a televisão pública espanhola, RTVE, pedir a "abertura de um debate" sobre a participação da televisão israelita KAN no festival.
No entanto, o organismo lembrou que "todos os membros da UER são elegíveis para concorrer ao Festival Eurovisão da Canção" e assegurou que se manterá "em contacto permanente com os participantes deste ano, incluindo a RTVE, sobre todos os aspectos do concurso".
O pedido da RTVE surge depois de terem sido lançadas petições na Finlândia, no final de março, pedindo à televisão pública Yle que pressionasse a UER para excluir Israel da edição de 2025, por causa da guerra em Gaza.
Recorde-se que a participação de Israel na Eurovisão no ano passado foi bastante criticada devido ao conflito na Faixa de Gaza. Ainda antes do concurso, oito representantes - incluindo a portuguesa iolanda - emitiram um comunicado conjunto, onde afirmaram estar "unidos contra todas as formas de ódio, incluindo o antissemitismo e a islamofobia".
Já durante uma atuação no intervalo, o cantor sueco Eric Saade - com ascendência palestiniana - foi alvo de críticas por ter usado um keffiyeh, um lenço associado à luta palestiniana, à volta do braço.
Na final, iolanda - que representou Portugal com 'Grito' - viu a sua atuação ser banida das redes sociais e do Youtube por ter o padrão de um keffiyeh desenhado nas unhas, em vez da cor branca que usou na atuação da semifinal.
O cantor Joost Klein, dos Países Baixos, que era um dos favoritos à vitória com 'Europapa', foi expulso horas antes da grande final, por, segundo a UER, ter sido apresentada uma queixa "por um membro feminino da equipa de produção após um incidente da sua atuação na semifinal". Segundo a imprensa sueca, a queixosa seria um membro da delegação israelita e, meses depois, o Ministério Público da Suécia arquivou o caso.
Antes do evento, a organização defendeu que "o Festival Eurovisão da Canção é um concurso para as emissoras públicas de toda a Europa e do Médio Oriente". "É um concurso para as emissoras - não para governos - e a emissora pública israelita participa no concurso há 50 anos", reiterou.
Questionada sobre o facto de a Rússia ter sido expulsa do festival, em 2022, após a invasão da Ucrânia, a UER explicou que o país liderado por Vladimir Putin violou as suas "obrigações" enquanto membro e violou "os valores dos meios de comunicação social públicos".
Este ano, a estação de televisão israelita escolheu Yuval Raphael, uma sobrevivente do ataque do Hamas de 7 de outubro, como a sua representante. Já Portugal será representado pelos Napa com 'Deslocado'.
Sublinhe-se que, este ano, o Festival Eurovisão da Canção 2025 realiza-se entre 13 e 17 de maio, em Basileia, na Suíça, após a vitória de Nemo, com 'The Code', na edição do ano passado.
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