As notas de Kiev: CR700 teve crânio mas a Seleção jogou sem esqueleto

Seleção Nacional já não perdia um duelo oficial desde a eliminação no Mundial 2018, frente ao Uruguai.

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Ricardo Santos Fernandes
15/10/2019 06:20 ‧ 15/10/2019 por Ricardo Santos Fernandes

Desporto

Análise

Pela segunda vez na história, a Ucrânia voltou a triunfar frente a Portugal, na condição de anfitrião, após ter destronado a Seleção Nacional em 1996.

Desta feita, a congénere da Europa de Leste venceu, por 2-1, num duelo que permitiu aos pupilos de Andriy Shevchenko qualificarem-se para o Euro-2020 e, na condição, de primeiro classificado do Grupo B.

Em sentido oposto, Portugal ainda vai ter de esperar pelos dois derradeiros duelos, diante de Lituânia (casa) e Luxemburgo (fora) para garantir, pela sétima vez consecutiva, uma presença na fase final do certame de nações do Velho Continente. 

Confira agora as notas de quem se destacou no Olímpico de Kiev

Homem do jogo: Apesar da derrota do conjunto lusitano, Cristiano Ronaldo deslumbrou em solo ucraniano. Nas manchetes dos diários nacionais e internacionais, a marca CR700 faz jus a uma exibição estelar que foi congratulada com o 700.º golo do avançado da Vecchia Signora em provas oficiais. Mas, muito mais do que isso, o avançado português foi um bombardeiro constante, rematando de pé esquerdo e direito, dentro e fora da área, assim como a servir os seus companheiros. Foi quase um 'barco' em solitário a puxar por uma frota a navegar em velocidade cruzeiro. 

Surpresa do jogo: Pyatov terminou o encontro com nove defesas, cinco delas efetuadas na pequena área. Portugal chutou, chutou, chutou, mas a felicidade do golo apenas sorriu a Ronaldo, de grande penalidade. Pyatov anulou quase tudo e quando não foi o brilhantismo do guardião a travar a sorte a Portugal, foi a barra. Que o diga Danilo...

Desilusão do jogo: João Félix já pouco tinha feito diante do Luxemburgo, mas em Kiev o avançado do Atlético de Madrid apenas teve acerto no passe, porque o 'Aladin de Viseu' esteve longe de esfregar a lâmpada num jogo em que Portugal tanto precisava dele. Não driblou, , não rematou, não assistiu, não causou perigo nem na ala, nem no eixo. Foi um jogador neutro que deu pouco 'plus' ao campeão europeu. Em Espanha falam do senhor 126 milhões de euros como um avançado de luzes e sombras, que aparece e desaparece de forma repentina. Diante do Luxemburgo tivemos um final feliz. Em Kiev nem feliz foi o final, nem Félix nos ajudou a 'piscar a luz' à felicidade. 

Andriy Shevchenko: Nota máxima para o selecionador da Ucrânia que qualificou a sua nação para o Euro-2020 e garantindo, desde já, o primeiro lugar do Grupo B, à frente do vigente campeão europeu. Destruiu a táctica dos pupilos de Fernando Santos com um esquema sólido a defender, apostando em contra-ataques e em bolas paradas para 'afundar' o dique luso. A Ucrânia tem pior seleção de que Portugal, mas o antigo avançado de Milan e Chelsea soube esconder as maiores fraquezas da sua seleção, inexploradas por Portugal, para pôr em evidência os maiores rasgões de qualidade desta Ucrânia

Fernando Santos: Somou a 11.ª derrota desde que assumiu o comando da Seleção Nacional e, desta feita, o 'engenheiro' não se pode queixar do azar que teve em Kiev. Infeliz nas alterações que promoveu no onze - entradas de Guedes e João Mário para as saídas de Félix e Moutinho - Portugal apostou em demasia no jogo aéreo e pelo jogo interior, deixando os corredores num 'deserto' de ideias. Na etapa complementar apostou na entrada de Félix, mas de pouco serviu o avançado do Atlético de Madrid, que terminou o encontro com números bastante pobres. Várias prestações estiveram aquém das expetativas, mas, indubitavelmente, a lição de casa foi mal preparada pelo 'mister'.

Árbitro do jogo: Anthony Taylor sai de Kiev com uma boa prestação no bolso e sem interferência no resultado final.  Brilhante no capítulo disciplinar, apenas fica a dúvida na grande penalidade assinalada a favor de Portugal. Efetivamente a bola vai ao braço de Stepanenko, mas depois desta tocar, em primeira instância, na coxa do ucraniano e, segundo as novas leis do jogo, não se devem punir lances em que a bola vai ao braço dos jogadores, por desvio ou ressalto de uma outra parte do corpo.

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