O FC Porto sentiu o amargo sabor da derrota no domingo, em casa. Perante os seus adeptos, o dragão tomou banho de água gelada ao perder frente ao Gil Vicente por 2-1.
O campeão nacional ficou reduzido a nove jogadores após as expulsões de João Mário e Uribe, situação que complicou a tarefa de vencer, mas não a tornou impossível. Em exclusivo ao Desporto ao Minuto, Jorge Amaral analisou a partida e deixou elogios aos dragões, apesar de ter detetado alguma displicência durante o encontro.
"O FC Porto entrou muito bem e tudo levava a crer que ia ser um jogo bom e que o FC Porto iria ganhar. Só que, a partir do momento em que Pepê falhou, em que o Danny Namaso rematou à trave, a equipa relaxou, talvez pelas facilidades aparentes. O Gil Vicente jogou quase olhos nos olhos só que sem criar perigo, ao contrário do FC Porto. Houve um relaxamento nesse aspeto que o Gil Vicente aproveitou muito bem", começou por dizer, afirmando que não concorda com a decisão de Rui Costa e do VAR em expulsar João Mário.
Gilistas fizeram a festa no Dragão. © Global Imagens
"A expulsão é o facto marcante do jogo. Acho que foi injusta, o João Mário não tenta de todo cortar nenhuma situação de golo e é o lance que vai marcar o resto do jogo. A partir de aí, o FC Porto, com 10 jogadores, tentou lá chegar contra uma equipa muito bem organizada. A seguir, com a expulsão de Uribe, é claro que tudo ficou mais complicado. No meio disto tudo, acho que o Gil Vicente esteve bem no jogo, o FC Porto deu tudo com 10 e com nove para lá chegar e até teve um golo anulado por 33 centímetros, fez de tudo. Tudo tinha para correr bem e, no fim, tudo correu horrivelmente mal", acrescentou.
A derrota dos dragões esteve perto de ser evitada por várias vezes. No entanto, a frente de ataque não conseguiu concretizar as chances que foram criadas, mesmo com apenas nove jogadores em campo. Jorge Amaral não aponta culpas exclusivamente para a equipa de arbitragem, acreditando que a equipa não esteve igualmente no seu melhor.
"O FC Porto bem tentou chegar a um empate por diversas vezes. Uniu-se bem, organizou-se bem, alguns jogadores muito cansados pelo jogo contra o Inter e, se calhar, não puderam dar tudo aquilo que queriam e que podiam porque o jogo foi muito desgastante. Por causa disso, nas situações de um contra um, o FC Porto não esteve bem. Faltou mais isso quando se estava em inferioridade numérica, a posse de bola não resolve. Senti que havia possibilidade porque o Gil Vicente abdicou do ataque para gerir a posse de bola, tinha o jogo controlado com mais dois elementos e os jogadores do FC Porto foram briosos na forma como se transcenderam para tentar lá chegar, mas não foi possível", disse, apontando, de seguida, os nomes que desiludiram.
João Mário e Uribe foram expulsos durante o FC Porto-Gil Vicente© Getty Images
"Alguns jogadores estiveram rigorosamente muito abaixo. A faixa lateral esquerda é algo de que já falo há alguns tempo e acho que é uma lacuna da equipa. Wendell esteve muito mal, Zaidu não entrou bem, falta ali muita qualidade e que obriga, muitas das vezes, outros jogadores a levarem amarelos, fazerem coberturas, desgastarem-se muito mais, tudo porque eles simplesmente estão sempre muito mal posicionados. O Uribe e o Marcano viram amarelos por erros de Wendell. Não estiveram tão bem, mas correram", afirmou.
No final da partida, Sérgio Conceição focou o critério "dúbio" do VAR durante as duas curtas declarações que fez. Jorge Amaral não concorda na totalidade com o treinador do campeão nacional
"Esta semana, pelos dois jogos em que FC Porto e Benfica entraram, viu-se a diferença de critérios que existe e como o VAR está totalmente inclinado, a arbitragem está totalmente de luto pelo que se passou neste fim-de-semana. Tivemos um VAR interventivo, bem ou mal, no FC Porto-Gil Vicente, em que acho um exagero o excesso e uma falsidade a expulsão de João Mário e as justificações dadas. Posso mais ou menos entender o penálti de Uribe, mas não entendo por que é que o mesmo VAR, tão rigoroso com o FC Porto, não chamou [Rui Costa] numa mão dentro de área do Gil Vicente. Há um pisão sobre o Taremi e ele não se mandou para o chão, ele já tem medo de se mandar para o chão. Se ele caísse, o VAR era obrigado a chamar o árbitro e marcar um pisão da mesma forma que Uribe também pisou um adversário", começou por apontar, falando de seguida nos casos do Vizela-Benfica.
Benfica venceu em Vizela por 2-0. Minhotos criticaram a exibição do VAR© Getty Images
"No Benfica tivemos o contrário, um VAR que foi o mesmo da primeira volta. Das duas vezes, a favor do Benfica, lembrou-se sempre de elucidar o árbitro, enquanto que, contra o Benfica, simplesmente houve VAR aberto e ninguém estava lá. Foram para o café", afirmou.
Jorge Amaral rejeita o argumento de Pinto da Costa, que defendeu o fim do VAR no final da derrota frente aos gilistas, afirmando que a ferramenta ajuda... "árbitros maus".
"Eu não acho que o VAR tenha de acabar. O VAR é uma boa arma para ajudar alguns árbitros que são fracos. Mas tem de ser para ajudar. O que tem de acabar é maus VARs, maus árbitros, pessoas que só estragam. São indivíduos que estão ali sentados, que têm as imagens, que andam para trás e para a frente e que conseguem ver os lances de todas as formas e que ainda conseguem deturpar a verdade. Não são corretos para outros", disse.
FC Porto está agora a oito pontos do líder Benfica© Getty Images
Com esta derrota, o FC Porto atrasou-se na corrida pelo título. De cinco pontos, com a possibilidade de ficar apenas a dois em caso de derrota do Benfica, os dragões passaram a oito pontos de desvantagem. Jorge Amaral garante: o Benfica pode encomendar as faixas de campeão.
"Caindo num lugar comum, eu diria que ainda faltam 12 jornadas, que tudo é possível. No entanto, estando a oito pontos e vendo aquilo que se passou nesta jornada, acredito que o campeonato já esteja fechado e campeão já esteja definido. Qualquer circunstância destas [polémicas com o VAR] irá acontecer noutro jogo qualquer", concluiu.
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