Com uma Liga dos Campeões 'a zeros', segundo lugar no campeonato e exibições de qualidade questionável, a contestação a Roger Schmidt cresce no seio benfiquista. Isso não só é visível nas redes sociais, a ágora dos tempos modernos, como também nos jogos, com grandes 'assobiadelas' à equipa.
Após a derrota com a Real Sociedad, Roger Schmidt deu a 'mão à palmatória': "Fiz um trabalho muito mau". Avizinha-se um jogo difícil, no domingo, numa receção ao 'invencível' Sporting. José Manuel Capristano, antigo dirigente do Benfica, afirma, em entrevista ao Desporto ao Minuto, que deve ser mantida a calma neste momento.
"Penso que temos de ter 'cabeça fria' para analisar. O Benfica. se ganhar no domingo ao Sporting, ou mesmo se empatar, fica a lutar pelo título. Há ciclos. O Benfica está a atravessar um mau momento no plano europeu, uma carreira desastrosa. Mas, no plano nacional, está na luta pelo título, em segundo lugar e a três pontos do primeiro, com quem joga no domingo. Não é uma época assim tão desastrosa. Na Europa, sim, não só em termos de resultados. como de exibições. A primeira parte contra a Real Sociedad, então, foi paupérrima", afirma Capristano.
Apesar de pôr 'panos quentes' quanto à época como um todo, o antigo 'braço direito' de Vale e Azevedo deixa críticas ao rendimento atual da equipa. "O Benfica não é isto. Tem de jogar mais do que isto. Não sei se é do sistema... Os jogadores do Benfica, com a qualidade individual e coletiva que têm, deviam jogar melhor. Está longe de ser o Benfica com que sonhávamos, como Rui Costa disse que sonhava. Os jogadores têm de honrar o 'manto sagrado' que vestem, a história gloriosa do Benfica, umas das mais gloriosas da Europa. Os jogadores do Benfica têm de merecer vestir esta camisola", atira, sem rodeios.
O jogo de domingo, diante do Sporting, no Estádio da Luz, não é "decisivo" na opinião de Capristano, mas sim "muito importante" (como todos os dérbis da Segunda Circular) por estarmos numa fase inicial da temporada.
Se ninguém contestou Amorim, por que razão Schmidt é posto em risco?
Que as exibições do Benfica têm sido más, especialmente na Liga dos Campeões, isso é certo. Mas, para o antigo candidato à presidência do Benfica, o lugar de Roger Schmidt ainda não está em perigo.
"Se o Rúben Amorim ficou em quarto lugar no ano passado e ninguém o pôs em risco, e bem, por que é que, no Benfica, um treinador que foi campeão nacional no ano passado é posto em risco por toda a gente? Há dualidade de critérios, os benfiquistas vão do oito ao oitenta. Acho que Rui Costa não merecia estar a passar por isto. Faço ideia o que lhe vai na alma... Os benfiquistas devem apoiar incondicionalmente a equipa, quer a equipa técnica, quer os jogadores", refere José Manuel Capristano.
E mesmo as 'experiências' que Roger Schmidt tem promovido, nesta temporada, sendo o melhor exemplo as várias posições ocupadas por Fredrik Aursnes, às vezes durante o mesmo encontro, têm um contexto: as lesões.
"O defesa lateral direito [Alexander Bah], infelizmente, é o único de raiz. O João Vítor é defesa-central. Adapta-se, mas o treinador não gosta dele. O Bah lesionou-se e o treinador 'inventa'... Do lado esquerdo, Bernat também está lesionado, Jurasek esteve lesionado e recuperou. Mas ele é que trabalha com os jogadores todos os dias. Pôr o João Neves a lateral-direito é um crime de lesa-pátria. Ele é um prodígio a jogar no meio-campo. Jogou mal [contra a Real Sociedad] porque não está rotinado. Faz falta no miolo. Mas, lá está, o treinador é que dá os treinos todas as semanas. Mas não estou de acordo... Só não vou mais longe por respeito ao Benfica. Se dissesse tudo o que penso...".
Rui Costa é o homem certo no lugar certo
José Manuel Capristano criticou publicamente Luís Filipe Vieira após a sua detenção, em julho de 2021, dizendo que o 'vieirismo' tinha acabado. O seu sucessor foi o antigo diretor-desportivo, Rui Costa, que tem sido defendido por Capristano.
"Mandato positivo. O ano passado, em termos desportivos, foi um êxito. Criou condições ao treinador para melhorar o plantel. Comprou por muitos milhões um ponta de lança e um defesa esquerdo, duas posições cirúrgicas. Agora, quem é que indicou estes jogadores, não sei. É o homem certo no lugar certo. São os antigos jogadores, com o talento do Rui Costa, naturalmente, e com o coração benfiquista que tem, que fazem o futuro dos grandes clubes. Qualquer dia, o Sporting e o FC Porto irão por aí", garante.
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