É caso para dizer que a noite de sábado em Alvalade foi do 'catano', ou melhor... de Catamo. O jovem moçambicano vestiu a pele de herói improvável e decidiu o dérbi eterno diante do Benfica que deixa o Sporting quase com as duas mãos na troféu de campeão nacional.
Com um golo a abrir este jogo da 28.ª jornada da I Liga, logo aos 46 segundos, e outro quase a fechar, aos 90+1', o extremo moçambicano resolveu uma partida equilibrada, na qual os campeões nacionais chegaram a igualar pelo dinamarquês Bah, aos 45+3'.
Quatro dias depois de se terem qualificado para a final da Taça de Portugal na Luz, os verde e brancos tinham a Alvalade a oportunidade de encaminhar um novo título de campeão nacional. O recinto dos leões tem sido uma verdadeira fortaleza e prova disso é que, com o triunfo neste dérbi, o Sporting atingiu a 14.ª vitória em outros tantos jogos na condição de visitado.
Além disso, e fazendo a ponte para uma temporada que foi muito feliz para os lados de Alvalade, o Sporting voltou a derrotar o Benfica em casa para a I Liga pela primeira vez desde 2020/21, época na qual também tinha batido as águias com um tento em período de compensação, de Matheus Nunes (1-0), acabando mesmo por ser campeão nacional ao fim de 19 anos.
E por falar em felicidade, quem ainda não teve ter recolhido o sorriso é Geny Catamo. O jovem fez rebentar de alegria os adeptos dos leões com o golo madrugador, mas o tempo de jogo veio comprovar que a euforia desmedida nestes segundos iniciais foi manifestamente exagerada. O Sporting ficou ansioso com o passar dos minutos e permitiu que o Benfica fosse subindo no terreno de jogo e tentasse visar a baliza de Israel.
Bah deitou um balde de água gelada em Alvalade com o golo à beira do intervalo que deixou tudo em aberto para a segunda parte. A partida avançou para uma altura em que se percebeu que, se não houvesse empate, ia cair para um dos lados num pequeno pormenor. E foi na entrada de Daniel Bragança que Amorim pode ter ganho a partida, já que o jovem veio trazer o critério que faltava na hora do passe.
É certo que o Benfica também ameaçou numa finalização de Neres e num remate forte de Di María, um dos mais vaiados pelos adeptos do Sporting desde a desavença com Pote durante a primeira parte, para enorme defesa de Israel, mas sentia-se nas bancadas que os leões criam mais a vitória do que o rival.
E foi o improvável moçambicano, que foi completamente esquecido pela defesa do Benfica na marcação de um canto, que, dentro da área, atirou de pé direito, ele que é esquerdino, para nova explosão de entusiasmo. É caso para dizer 'Cum Catamo', Geny.
Vamos então às notas da partida:
Figura
Foi de 'Genyo' a exibição de Catamo nesta partida. Marcou ainda nem estava decorrido o primeiro minuto de jogo e voltou a atirar para o fundo das redes de Trubin ao cair do pano. Foi um autêntico TGV na ala direita do Sporting, com subidas e descidas que causaram problemas aos homens de Roger Schmidt.
Surpresa
A relação de St. Juste com as lesões não tem sido fácil desde que chegou a Alvalade, mas parece que o neerlandês já terá ultrapassado essa 'tormenta'. Cumpriu a totalidade do dérbi, tal como tinha acontecido na Reboleira, e foi mesmo um dos melhores em campo. Apareceu várias vezes em zonas mais adiantadas do terreno de jogo e dá uma segurança incrível à defesa quando tenta sair com a bola nos pés.
Desilusão
Rafa Silva tem sido figura no Benfica por diversas vezes esta temporada, mas passou algo despercebido neste dérbi. Em dia bom, o avançado português é um perigo para as equipas adversárias, mas este sábado não foi o dia dele. E a equipa ressentiu-se da ausência de um dos jogadores mais criativos do plantel.
Treinadores
Rúben Amorim:
Decidiu corrigir algumas das ideias táticas que tinha apresentado no dérbi da passada terça-feira no Estádio da Luz e a verdade é que começou a colher frutos dessas mexidas ainda alguns adeptos estavam a sentar-se em Alvalade. Os leões denotaram alguma ansiedade no decorrer da segunda parte, mas o treinador foi lesto a perceber isso. A saídas de Gonçalo Inácio e Morita prova que Amorim estava atento ao que estava a acontecer em campo e foi aí que esteve a diferença no encontro. A entrada de Paulinho a dez minutos do fim deu à equipa a mensagem de que o jogo era para ser ganho. E coube a Geny Catamo atirar para a glória dos leões.
Roger Schmidt:
Foi uma semana para esquecer para o timoneiro do Benfica. Depois da exibição que foi apresentada no Estádio da Luz na terça-feira, esperava-se que os encarnados fossem a casa do rival tentar, pelo menos, replicar o que tinha acontecido. Mas as águias estiveram muito longo do que apresentaram na Taça. Schmidt voltou a mostrar limitações nos jogos contra os rivais e são já três jogos seguidos sem vencer contra Sporting e FC Porto. É certo que o clube da Luz podia ter levado para casa algo diferente do que a derrota, mas faltou algum entusiasmo na reta final em busca do triunfo.
Arbitragem
Jogo difícil e com muito trabalho para a equipa liderada por Artur Soares Dias. Não teve influência no resultado final, mas a verdade é que podia ter utilizado outro critério para analisar o lance entre Di María e Pote ainda na primeira parte, assim como entradas mais impetuosas de Hjulmand. Esteve bem no vermelho a Aursnes.
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