A morte da atleta, de 33 anos, quatro dias depois de ter sofrido graves e múltiplas queimaduras, desencadeou uma onda internacional de homenagens e indignação.
O agressor Dickson Ndiema Marangach, de 32 anos, também ficou gravemente queimado e morreu no hospital na segunda-feira.
Ativistas dos direitos humanos denunciaram este novo feminicídio no Quénia, onde, desde 2021, foram mortas duas outras atletas, Agnes Tirop e Damaris Mutua, com os respetivos companheiros acusados dos crimes.
Na sexta-feira, os familiares de Rebecca Cheptegei no Quénia reuniram-se para honrar a memória da atleta, em volta do caixão, na cidade de Eldoret (oeste), no Vale do Rift, perto do local onde vivia.
Depois, debaixo de chuva, o corpo atravessou a fronteira entre o Quénia e o Uganda ao fim da tarde, antes do funeral marcado para a aldeia da família, Bukwo, a cerca de 380 quilómetros a nordeste da capital, Kampala.
Rebecca Cheptegei, sargento do exército ugandês, vai ser enterrada às 10:00 (08:00 em Lisboa) com honras militares, disse Beatrice Ayikoru, secretária-geral do Comité Olímpico do Uganda e membro da comissão organizadora do funeral.
Dezenas de atletas deslocaram-se à pequena aldeia para assistir à cerimónia e prestar homenagem à mulher que terminou em 44.º lugar na maratona dos Jogos Olímpicos de Paris, a 11 de agosto.
Este assassínio brutal veio mais uma vez pôr em evidência o que ativistas dos direitos humanos descrevem como uma epidemia de feminicídios no Quénia.
De acordo com a ONU, só em 2022 foram registados 725 casos no país.
Um relatório, publicado no ano seguinte pelo Gabinete de Estatística do Quénia, mostrou que a proporção de mulheres, com idades entre os 15 e os 49 anos, que tinham sofrido violência física desde os 15 anos era de 34%.