Rúben Filipe Marques Diogo Amorim é um dos nomes do momento no panorama futebolístico e, já depois de ter feito a sua despedida de Alvalade, prepara-se agora para realizar o seu último jogo no comando técnico do Sporting, num encontro de cariz especial em Braga, antes de se aventurar no Manchester United.
Tudo isto porque foi precisamente na Pedreira que o treinador de 39 anos começou a dar nas vistas na elite do futebol português, ao ponto de ter conquistado uma Taça da Liga em apenas 13 jogos pela equipa principal dos arsenalistas. 10 vitórias permitiram a entrada de 10 milhões de euros, investidos por parte da direção de Frederico Varandas... e assim foi o início de uma bela história de Amor(im), durante quatro anos e oito meses.
A aventura de Rúben Amorim ao serviço do Sporting arrancou em março de 2020, com um triunfo frente ao Desportivo de Aves (2-0), ao qual se seguiram meses atípicos à escala mundial, por força dos constrangimentos provocados pela pandemia da Covid-19. Foi preciso esperar três meses para o regresso das competições, numa época em que o registo de seis vitórias em 11 partidas não impediu uma dramática queda do terceiro para o quarto lugar na última jornada, provocada precisamente... pela antiga equipa.
De fora do pódio para o trono
Contra todas as expectativas, aquele jovem treinador, na altura de 35 anos, conseguiu devolver o Sporting à rota dos títulos, em 2020/21, ao quebrar um 'jejum' de 19 anos com a conquista de um campeonato, mas a verdade é que a temporada nem começou propriamente bem, fruto do afastamento do playoff da Liga Europa, com uma goleada caseira diante do LASK Linz (1-4). O impacto foi grande. Não é à toa que Rúben Amorim usa tantas vezes esse exemplo para elucidar a forma como este 'novo' Sporting reage a desilusões.
Pese embora essa desilusão europeia madrugadora, o clube leonino foi dono e senhor da I Liga nessa mesma época, com 26 vitórias, sete empates e apenas uma derrota, diante do rival Benfica (4-3), já depois da festa do título. Sem adeptos nas bancadas, ainda em altura crítica da pandemia, a festa não deixou de ser feita pelas ruas de Lisboa, isto sem esquecer, claro, a Taça da Liga conquistada a meio da época, precisamente frente à antiga equipa de Rúben Amorim (1-0).
Na primeira época completa em Alvalade, Rúben Amorim arrecadou dois troféus e um deles quebrou um longo 'jejum'.© Getty Images
A época seguinte arrancou com a conquista da Supertaça, imagine-se, frente ao Sporting de Braga, com uma remontada (2-1), seguindo-se aquela que foi a estreia de Rúben Amorim na Liga dos Campeões, onde caiu nos 'oitavos' aos pés do Manchester City (5-0 em Alvalade, 0-0 no Etihad), algo que não deixa de ser, no mínimo, irónico, atendendo à mais recente goleada aplicada aos campeões ingleses (4-1) na 'despedida' dos jogos em casa pelos verde e brancos.
No que toca à I Liga, apesar da repetição dos 85 pontos - desta vez com 27 vitórias, quatro empates e três derrotas -, o Sporting não conseguiu ir além do segundo lugar, seis pontos atrás do campeão FC Porto, mas já se via perfeitamente que aquele leão não 'tombava' com qualquer um, batendo-se bem contra os seus rivais em Portugal e também nas aventuras diante dos 'tubarões' europeus.
E depois de nova 'queda'... nova festa
Não se pode dizer que a temporada 2022/23 tenha sido desastrosa, mas internamente pouca coisa correu bem. Desde a eliminação precoce na Taça de Portugal, aos pés do Varzim (1-0), à derrota na final da Taça da Liga, naquela que foi a primeira conquista do FC Porto (2-0), o Sporting voltou a ficar fora do pódio, no quarto lugar. Em termos europeus, após o afastamento da Liga dos Campeões, o percurso na Liga Europa terminou nos 'quartos', com uma eliminação frente à Juventus (agregado de 3-2). E depois da 'queda', veio a festa.
Em 2023/24, o Sporting até chegou a perder frente ao Benfica, fruto de uma reviravolta dramática nos descontos (2-1), à qual se seguiria ainda uma derrota em Guimarães, diante do Vitória SC (3-2), mas seriam mesmo as únicas derrotas num campeonato em que os 29 triunfos em 34 jornadas 'atiraram' os leões para os 90 pontos e para mais um campeonato conquistado, com 10 pontos de vantagem para o rival Benfica. Desta vez, a festa teve adeptos, tanto no estádio, como no Marquês de Pombal... com uma promessa de bicampeonato que está por cumprir.
Sporting aproveitou um deslize do Benfica em Famalicão (2-0) e celebrou o título 'no sofá' e no Marquês de Pombal, terminando a temporada em casa, frente ao Desportivo de Chaves, com nova festa.© Getty Images
O Sporting começou esta época como acabou a última, com derrotas diante do FC Porto na final da Taça de Portugal (2-1) e na Supertaça (3-4), mas terá sido precisamente com base na transformação da mágoa e da revolta em energia positiva que se seguiu um período de 16 jogos sem perder, com 15 triunfos e um empate. O último momento de glória foi frente ao Manchester City, que será o maior rival de Rúben Amorim assim que rumar a Inglaterra já no próximo dia 11 de novembro. Porém, antes disso, ainda há um regresso à casa de partida, para aquele que é, agora sim, a chamada 'last dance' como treinador do Sporting, já este domingo.
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