"Não há possibilidade de conseguirmos resultados de excelência se não houver uma interligação entre federações e COP", disse Pedro Roque em entrevista à agência Lusa, alertando para a especificidade de cada uma das federações e modalidades.
Para Pedro Roque, flexibilidade pode ser a palavra-chave do seu trabalho, pois "é preciso ir ao encontro do que as federações necessitam e não fixar padrões de exigência iguais para todos, que no fundo podem ajudar algumas federações e não outras".
O cargo de diretor desportivo, criado no atual mandato do presidente do COP, é definido em poucas palavras por Pedro Roque: "Não serei mais do que um recurso adicional, tentarei fazer a ponte entre aquilo que são as necessidades das federações, os princípios do comité e os anseios que todo no processo de preparação olímpica tem".
"A mim cumpre-me acompanhar este programa de preparação olímpica, estar muito próximo das federações, perceber exatamente o que necessitam de forma a que possamos fazer os ajustes necessários e chegar a Tóquio sem olhar para traz e perguntar: 'o que poderíamos ter feito diferente?'", explicou.
O atual diretor desportivo lembra que as metas para os Jogos Olímpicos Tóquio2020 estão todas espelhadas no contrato-programa e assegura: "Se for cumprido tudo o que está contratualizado, teremos o melhor conjunto de resultados de sempre do desporto português em Jogos Olímpicos".
Além de duas medalhas, o contrato estipula ainda a obtenção mínima de 12 diplomas, ou seja, classificações até ao oitavo lugar, e pelo menos 26 iguais ou acima do 16.º posto.
O contrato prevê ainda uma subida das modalidades representadas para 19 (contra 13 em Londres2012 e 16 no Rio2016), e um aumento da presença de atletas femininas, esperando-se que tenham um peso de pelo menos 40% entre os qualificados.
Pedro Roque, que recentemente assumiu o cargo que era ocupado por Paulo Cunha, considera essencial aplicar bem os 18,5 milhões disponibilizados para a preparação olímpica.
"Não é uma questão de estarmos satisfeitos com as verbas que temos, é uma questão de neste momento aproveitar cada cêntimo das verbas que temos para chegarmos mais longe e darmos as condições que as federações necessitam pata desenvolver os seus projetos", referiu.
Pedro Roque, licenciado em educação física e desde há anos ligado à ginástica, admite que Portugal "tem condições" para recuperar posições no 'ranking' olímpico e, nesse contexto, alerta para a importância de começar já a preparar os Jogos Paris2024, nomeadamente através do programa de esperanças olímpicas.
"Vamos querer fazer aumento da verba a aumento dos resultados desportivos", disse Pedro Roque, que conta com o apoio de uma comissão técnica e de uma direção de medicina desportiva, com valências nas áreas da psicologia, nutrição e fisioterapia.
O diretor desportivo do COP admite que ainda não é possível estabelecer uma meta no que se refere ao número de atletas lusos nos Jogos Tóquio2020, sobretudo devido à incerteza na qualificação de modalidades coletivas, e assegura que as federações "já estão a trabalhar a todo o gás nos processos de qualificação".
Pedro Roque assume que "a exigência está muito alta", garantindo que o "COP tem vindo a fazer um esforço muito grande no sentido de criar uma estrutura cada vez mais profissional", a que chamou "profissionalismo olímpico".