Alexandre da Fonseca foi hoje o convidado para fazer a intervenção de fundo no encontro promovido pelo International Clube of Portugal (ICP) e, interrompendo a prática habitual de não colocar questões ao orador principal no período de debate, o presidente do ICP perguntou-lhe se aceitaria fazer parte de um futuro Governo, caso o convite surgisse.
Na resposta, o presidente da Altice Portugal referiu que, por princípio de vida, nunca "diz que não a algo que deve ser analisado", mas precisou que, neste momento, tal cenário não faz parte das suas prioridades.
"Seria muito limitativo a alguém com 44 anos dizer que não ao que quer que seja. Por princípio da minha vida nunca digo que não a nada que não mereça ser analisado", afirmou, para acrescentar que, neste momento, "não é algo que me preocupe, não é algo que esteja no topo das minhas prioridades".
Alexandre da Fonseca justificou esta posição pelo facto de ter abraçado o desafio da Altice Portugal há menos de 16 meses e de acreditar que o desafio da empresa que lidera "está muito bem lançado" e de ter ainda muito para fazer.
"Para mim é claríssimo que o plano empresarial e o plano político têm de ser separados e que não se devem imiscuir, o que não quer dizer que não devam colaborar", disse ainda o gestor, para sublinhar que se deve dar "à política o que é da política e às empresas o que é das empresas, porque "são planos diferentes".
Afirmando que respeita muito aqueles que dedicam à causa pública, Alexandre Fonseca disse ainda que considera que "é difícil hoje ser político em Portugal" e que "não devemos analisar essas migrações [da política para as empresas e vice-versa] com rótulos", mas "com currículos".
As ligações de familiares de várias pessoas com funções no atual Governo têm sido bastante noticiadas e criticadas e o mesmo se passou com a despedida de Adolfo Mesquita Nunes das suas funções de dirigente do CDS/PP para assumir um cargo na administração da Galp.
Durante a sua intervenção inicial, o presidente executivo da Altice Portugal voltou a manifestar a sua preocupação com aquilo que considera ser uma "ameaça crescente" e que é a posição do regulador do setor - a Anacom.
"A destruição de valor que está em cima da mesa com as propostas demagógicas que têm sido apresentadas por este regulador, inclusivamente com a nova proposta de lei de comunicações eletrónicas que foi apresentada no parlamento sem ter sido discutida com os regulados ou sequer com a tutela, é o exemplo do tipo de ameaças de que este setor sofre" referiu, precisando que pode estar em causa a perda de 30 a 40 milhões de euros em receitas.