Em declarações à agência Lusa, Fernando Simões, dirigente do SINTAC, acusou a empresa de "enganar os trabalhadores", depois de um comunicado do dia 16 de janeiro no qual a Portway anunciava "ter sido possível alcançar o compromisso para um novo Acordo de Empresa (AE)".
Também hoje, contactada pela Lusa, a empresa de assistência em terra nos aeroportos explicou que o "AE que a Portway alcançou com quatro sindicatos representativos na empresa está fechado e carece apenas das formalidades legais para ser assinado e publicado".
Segundo Fernando Simões, o SINTAC irá tomar conhecimento do documento na quarta-feira, segundo indicações da Portway.
O dirigente sindical adiantou ainda que "estão previstos plenários com os trabalhadores a partir de quinta-feira para frente, para dar a conhecer o que se está a passar", garantindo ainda que os trabalhadores irão continuar com a greve em curso, ao trabalho suplementar, banco de horas e fins de semana, paralisação que começou em 01 de janeiro e termina no final de março.
Por sua vez, a Portway justificou que o acordo só não está ainda assinado porque a empresa "insistiu sempre em ter um acordo subscrito por todos os sindicatos".
"Contudo, perante a impossibilidade de o conseguir, considerou-se que os trabalhadores não podiam esperar mais para ver as suas preocupações acomodadas e, desse modo, a Portway chegou a acordo com a maioria das estruturas sindicais, um acordo que já tinha sido alcançado em julho passado" e que o SINTAC contesta, referiu a empresa.
"Naturalmente, a Portway mantém-se disponível para chegar a um entendimento com os outros sindicatos, esperando que isso possa acontecer em breve", adiantou a empresa de 'handling' na mesma resposta, por escrito, à Lusa.
"Mais importante do que a data em foi alcançado o acordo é esclarecer que se trata de um acordo para todos os trabalhadores da Portway. Desde logo porque alarga alguns benefícios a trabalhadores que antes não eram abrangidos por esses benefícios. E depois porque a empresa está a fazer todos os esforços para que este AE seja aplicado a todos os trabalhadores", indicou a empresa.
O SINTAC conta com o apoio do STAMA (Sindicato dos Trabalhadores dos Aeroportos Manutenção e Aviação) neste processo.
A Portway realçou ainda que o AE abrangerá "no imediato os trabalhadores afetos aos quatro sindicatos que o aceitaram", que a "empresa abrangerá os trabalhadores não sindicalizados, assim que publicada uma portaria de extensão com esse propósito", e que o AE "pode abranger também os trabalhadores afetos ao sindicato que se recusou negociar".
"Basta para isso que manifestem a intenção de aderir individualmente" ao instrumento, acrescentou.
No dia 16 de janeiro, a Portway destacou que o AE em cima da mesa contempla o "pagamento da progressão de carreiras equivalente a retroativos a janeiro de 2019, a inclusão no acordo de todos os trabalhadores, de todos os negócios e atividades da Portway, ou aumentos salariais acima da inflação para os três anos de duração do acordo".
A Portway salientou também que o acordo inclui "um pacote alargado de benefícios sociais, nomeadamente um seguro de saúde aplicável a todos os trabalhadores, o fim do 'banco de horas', e a manutenção das medidas de organização do trabalho acordadas na anterior negociação".
Segundo a empresa, o acordo "teve a concordância da maioria das estruturas sindicais com representação na Portway, nomeadamente SITAVA - Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos, SINDAV - Sindicato Democrático dos Trabalhadores dos Aeroportos e Aviação, STHA - Sindicato dos Técnicos de Handling dos Aeroportos e SIMAMEVIP - Sindicato dos Trabalhadores da Marinha Mercante, Agências de Viagens, Transitários e Pescas.