"Não há melhores serviços públicos se não se valorizar o papel dos trabalhadores da Administração Pública", disse em entrevista à agência Lusa Arménio Carlos, considerando que as propostas do Governo previstas no Orçamento do Estado são desrespeitosas porque reduzem o poder de compra.
O sindicalista referia-se à proposta de aumentos salariais de 0,3% prevista para a função pública e lembrou os 10 anos de congelamento, e até redução, salarial no setor.
"Recordamos que no período da 'troika' os serviços da Administração Pública só não colapsaram porque os trabalhadores, em muito menor número e com tantos problemas como são conhecidos, resistiram e cumpriram com a sua função de fazer tudo o que estava ao seu alcance para responder minimamente às necessidades das populações", disse à Lusa.
Arménio Carlos defendeu que, tendo em conta o crescimento do emprego e da procura interna, o Governo deve aumentar os trabalhadores do Estado "de acordo com o reconhecimento das suas competências, qualificações e experiência".
"Ou corremos o risco de qualquer dia termos cada vez menos trabalhadores na Administração Pública, porque se tiverem melhores ofertas vão para o setor privado", afirmou, referindo áreas como a saúde ou a educação.
O sindicalista acusou o Governo de, neste caso, ter dois pesos e duas medidas, porque quer melhorar os serviços públicos mas não quer valorizar os trabalhadores que os prestam.
"A questão de fundo é saber que país queremos do ponto de vista das funções sociais do Estado e dos serviços públicos. Nós pagamos os nosso impostos, logo o Governo tem obrigação de assegurar que a receita dos nossos impostos seja investida de forma justa para corresponder às necessidades das populações", concluiu.