Trabalhadores Portway acusam Governo de cometer "erro" na Madeira

Os trabalhadores da empresa de 'handling' (assistência nos aeroportos em terra) Portway defenderam hoje que as alterações do Orçamento do Estado para o subsídio social de mobilidade na Madeira são um "erro estratégico", colocando postos de trabalho em causa.

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Lusa
13/02/2020 18:39 ‧ 13/02/2020 por Lusa

Economia

Aviação

Em causa está a ameaça da companhia aérea easyJet de interromper as ligações aéreas entre a Madeira e o continente, a partir de Lisboa e do Porto, na sequência da aprovação, no âmbito do Orçamento do Estado, das novas regras do subsídio de mobilidade para a Madeira, que determinam que os madeirenses passem a pagar apenas o preço estipulado para as passagens aéreas de ida e volta - 86 euros para os residentes e 65 euros para os estudantes - sem terem de adiantar valores passíveis de reembolso.

Num comunicado, a Comissão de Trabalhadores da Portway demonstrou "a sua preocupação sobre as consequências da alteração do subsídio social de mobilidade para os residentes da ilha da Madeira".

O organismo considera que "é inequívoco que esta medida vem beneficiar todos os madeirenses, reforça o princípio de continuidade territorial e diminui o impacto da insularidade", mas, ao mesmo tempo "trouxe muitas preocupações aos trabalhadores da Portway, em especial aos trabalhadores da escala do Funchal pelo facto da easyJet e Transavia ameaçarem abandonar as rotas domésticas. As posições das companhias aéreas devem-se exclusivamente a uma interferência política", salienta a Comissão.

A Comissão de Trabalhadores da Portway criticou também a posição do secretário Regional de Turismo e Cultura da Madeira, Eduardo Jesus, acusando-o de considerar "um 'bluff' a posição da easyJet" e questionando se "a Transavia também está a fazer 'bluff'".

"Esta posição é de uma irresponsabilidade sem precedentes. Ambas as companhias são assistidas pela Portway e isso está a pôr em causa centenas de postos de trabalho", alertou.

Esta semana, Eduardo Jesus disse que "no que diz respeito à easyJet o que se passa é muito simples: estamos mais do que convencidos de que essa ameaça não se traduzirá na prática. O que acontece é que há um modelo de subsidiação dos residentes da Madeira e dos Açores, os dois arquipélagos têm essa subsidiação, e que, no caso da easyJet, não é entendido da mesma maneira que é pelas outras companhias", afirmou, num almoço com os jornalistas em Lisboa.

No comunicado enviado hoje, a Comissão de Trabalhadores questiona ainda se o Governo "está realmente a defender os interesses dos madeirenses, prejudicando os interesses de quem nos visita" e acusa o executivo de "pôr em causa a liberalização da rota da Madeira".

"Até quando vão insistir neste erro estratégico para a ilha da Madeira", perguntam os trabalhadores, no comunicado.

"Em 2019 as rotas domésticas da easyJet movimentaram mais de 350.000 passageiros. Evidentemente estas rotas trouxeram benefícios à região autónoma da Madeira, entre outros, uma maior concorrência e disponibilidade de tarifas mais baixas para todos", garantiram os trabalhadores.

Segundo o comunicado, a Portway prestou, no ano passado, "assistência a mais de 2.000 voos domésticos da easyJet só na escala do Funchal e a mais de 5 mil a nível nacional".

Já a Transavia "realiza voos de ligação com origem e destino do Porto desde 2010, e só em 2019 foram assistidos na escala do Funchal pouco mais de 1.400 voos e a nível nacional mais de 2.800 voos transportando mais de 200.000 passageiros", adiantou a Comissão.

"Estamos seriamente preocupados com a possibilidade da deterioração das condições de trabalho e perda de postos de trabalho a nível nacional", referiu o organismo, recordando que, em 2016, a Ryanair terminou o contrato com a Portway e que isso fez com que a empresa fosse "obrigada a implementar medidas de reestruturação que passaram pelo despedimento coletivo de 257 trabalhadores dos vários aeroportos nacionais onde a Ryanair operava".

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