Em declarações à Lusa, o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN), José Manuel Silva, afirmou que, nesta situação, estão motoristas do grupo Arriva e do grupo composto pela Auto Viação Landim, Auto Viação Pacense e Albano Esteves Martins & Filhos, que à Lusa refutaram estas acusações.
No caso da Arriva, que emprega cerca de 250 motoristas, refere o dirigente, foi dada uma "saquinha com dois pares de luvas e uma máscara", para ser usada apenas "em caso de emergência".
"Foi dada aos trabalhadores uma saquinha com um aviso que dizia: atenção é para usar em situação de emergência. Não utilizes se não for necessário. Estes materiais são difíceis de arranjar", explicou o dirigente sindical.
À Lusa, o grupo Arriva refere que foram implementadas medidas específicas com vista à proteção dos motoristas tais como a colocação "pioneira" de uma divisória que tem como objetivo criar uma zona de segurança para o motorista, separando o seu habitáculo da zona de passagem dos passageiros.
Foi ainda vedado o acesso aos primeiros e dada a indicação para, caso o número de passageiros o justifique, limitar a ocupação do autocarro em cerca de 60% da sua capacidade.
Quanto à distribuição de Kits individuais, a Arriva sublinha que estes estão "completamente esgotados no mercado nacional e internacional", mas refere que a utilização em situações de emergência segue a informação emanada pela Direção-Geral da Saúde.
Foram ainda tomadas outras medidas, impulsionadas por evoluir da pandemia, entre elas a implementação da oferta de sábado aos dias úteis o que permite ter ao serviço apenas e não mais que 60 motorista/dia em vez dos habituais 207.
Em resposta à Lusa, a Arriva garante que a segurança dos colaboradores "é a grande prioridade" e nunca poderá ser posta em causa e afirma que são "completamente descabidas e ofensivas afirmações que indiciem a prática de qualquer tipo de pressão".
O sindicalista José Manuel Silva denunciou também que os motoristas continuam "a lidar com o dinheiro" e, perante a recusa de alguns trabalhadores em o fazerem, houve ameaças de que no fim do mês não iriam receber o subsídio de agente único.
Segundo o sindicato, o grupo está ainda a "obrigá-los a gozar férias, sem lugar a satisfação".
"Os trabalhadores até admitem gozar algumas férias porque compreendem a situação da empresa, mas não é todo o período de férias", disse.
Contactado pela Lusa, o grupo composto pela Auto Viação Landim, Auto Viação Pacense e Albano Esteves Martins & Filhos, afirmou que "as empresas adotaram planos de contingência para fazer face a este drama", estando a proceder à limpeza e desinfeção das suas viaturas.
Este grupo acrescenta ainda que "as empresas a estão a distribuir máscaras e luvas pelos seus colaboradores".
No caso do grupo composto pela Auto Viação Landim, Auto Viação Pacense e Albano Esteves Martins & Filhos, referiu o STRUN, os cerca de 200 motoristas não têm acesso a luvas ou máscaras, as entradas de passageiros continuam a ser feitas pela porta da frente e os motoristas continuam a cobrar bilhete e a ter de lidar com dinheiro.
Segundo o sindicato, este grupo também está a pressionar os trabalhadores para irem de férias.
O STRUN disse ainda que a Auto Viação Cura, que serve os concelhos de Viana do Castelo e Ponte de Lima e emprega cerca de 50 motoristas, impôs "férias" aos trabalhadores, alegando o encerramento de portas face à diminuição do número de passageiros devido à Covid-19.
A Lusa questionou aquele operador, mas até ao momento sem sucesso.
Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou hoje o número de casos confirmados de infeção para 785, mais 143 do que na quarta-feira. O número de mortos no país subiu para três.
Portugal encontra-se em estado de emergência desde as 00:00 de hoje.