Bruxelas admite "controvérsia política" sobre emissão conjunta de dívida
A Comissão Europeia admitiu hoje existir "controvérsia política" sobre a emissão de títulos de dívida europeus (os chamados 'coronabonds') e, apesar de garantir que "todas as opções" serão consideradas, manifestou preferência pelo crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade.
© Reuters
Economia Covid-19
"Talvez os 'coronabonds' tenham causado muitas manchetes e haja controvérsia política em seu redor", declarou hoje o vice-presidente do executivo comunitário para a Economia, Valdis Dombrovskis, numa emissão em direto através da rede social LinkedIn.
Respondendo a perguntas enviadas por jornalistas sobre a possível emissão de títulos de dívida europeus para fazer face à crise gerada pela atual pandemia, solução defendida por países como Itália, Espanha e Portugal, o responsável reiterou o que a Comissão Europeia tem dito sobre o assunto: "No que toca aos 'coronabonds', vamos explorar todas as possíveis opções, todas as possíveis respostas".
De acordo com Valdis Dombrovskis, certo é o apoio do executivo comunitário às linhas de crédito do Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), o fundo de resgate permanente da zona euro, que tem uma capacidade de empréstimo de até 410 mil milhões de euros e que pode conceder créditos até 2% do Produto Interno Bruto (PIB) de cada país comunitário afetado pela covid-19.
"Continuamos a trabalhar no apoio [a uma solução] por meio do MEE. Acreditamos que esse mecanismo deveria ser usado nas circunstâncias atuais porque possui o capital desembolsado pelos Estados-membros e capacidade de empréstimo", referiu o comissário europeu.
"E, portanto, devemos usá-lo para financiar os Estados-membros em condições favoráveis", insistiu o político letão.
De acordo com Valdis Dombrovskis, "há lições a tirar desta crise", mas a seu ver não se deve apenas "trabalhar em respostas à crise como também na recuperação económica" da União Europeia (UE) após a pandemia.
Por isso, enquanto os 'coronabonds' são soluções "que se podem" adotar, existem outras possibilidades que já "estão a ser tidas em consideração", como o reforço do orçamento da UE a longo prazo, realçou o responsável.
"Gostaria de salientar o próximo quadro financeiro plurianual [2021-2017] e, tal como a presidente da Comissão Europeia disse, este será o nosso 'Plano Marshall' para financiar a recuperação europeia", frisou Valdis Dombrovskis, numa alusão ao programa de recuperação europeia após a Segunda Guerra Mundial.
Na sequência do último Conselho Europeu por videoconferência, no qual foram visíveis as divergências entre os 27 sobre a melhor forma de responder no plano económico à crise provocada pelo surto do novo coronavírus, o Eurogrupo vai celebrar nova reunião extraordinária na próxima terça-feira, tendo em conta o mandato atribuído para finalizar propostas concretas a apresentar aos líderes europeus.
Entre as soluções mais abordadas, e além da emissão conjunta de dívida, que continua a merecer a oposição de Holanda, Áustria, Finlândia e também muito pouca recetividade da Alemanha, conta-se a de recorrer a linhas de crédito com condicionalidades do MEE.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de um milhão de pessoas em todo o mundo, das quais morreram perto de 54 mil.
O continente europeu, com cerca de 560 mil infetados e perto de 39 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos.
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