Covid-19: Itália promete proteger empresas contra especulação

O Governo italiano anunciou hoje que vai proteger as empresas cotadas consideradas estratégicas contra especulação e interferências hostis de investidores estrangeiros nos seus capitais, como consequência da fraca valorização devido à pandemia de covid-19.

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© Reuters

Lusa
04/04/2020 20:05 ‧ 04/04/2020 por Lusa

Economia

Covid-19

"O governo quer proteger os ativos estratégicos do país. A emergência provocada pelo coronavírus não prejudicará o património produtivo e industrial, que é uma prioridade proteger, porque agora a segurança nacional também depende disso. O novo 'golden power' [poder dourado] será a nossa vacina contra escaladas hostis", adiantou hoje o subsecretário da Presidência do governo italiano, Riccardo Fraccaro.

Em Itália, o "golden power" (poder dourado) é o poder que o Estado tem de intervir em operações de mercado relacionadas com empresas consideradas estratégicas para a economia do país.

Este poder foi introduzido pelo Governo de Mario Monti em 2012 e foi usado, por exemplo, em 2017 pelo executivo de Paolo Gentiloni para interromper a escalada do grupo francês Vivendi na empresa de telecomunicações Telecom, quando já tinha adquirido quase 24% da empresa e ameaçou continuar aumentando sua participação.

Com estes poderes, o Governo italiano pode ditar condições específicas na compra de ações de empresas estratégicas por atores estrangeiros, vetar resoluções específicas tomadas pelo conselho de administração ou até interromper a compra de determinados investimentos de capital.

Riccardo Fraccaro explicou que o Governo aprovará estes poderes no próximo Conselho de Ministros e que vigorará para setores como o industrial, o financeiro, de seguros, ou da saúde.

"A regra também se aplicará às operações dentro da União Europeia. É claro que, neste momento, é necessário incluir na proteção do Estado os setores decisivos para o desenvolvimento do sistema e ampliar o alcance aplicação também a nível europeu", disse Riccardo Fraccaro.

Além disso, vão reduzir-se os limites exigidos aos investidores para que comuniquem ao regulador da bolsa de valores a compra de ações e a sua percentagem de participação nas empresas e o mesmo se aplica nas pequenas e médias empresas consideradas estratégicas para o país.

"As PMEs representam a coluna vertebral do país e muitas delas criam valor em setores estratégicos. O governo adotará as medidas necessárias para proteger o tecido produtivo e os pilares da economia nacional de possíveis riscos relacionados com a emergência provocada pelo coronavírus", concluiu.

?O novo coronavírus, responsável pela pandemia da covid-19, já infetou mais de 1,2 milhões de pessoas em todo o mundo, das quais morreram mais de 60 mil.

Dos casos de infeção, mais de 211 mil são considerados curados.

O continente europeu, com cerca de mais de 610 mil infetados e mais de 44 mil mortos, é aquele onde se regista o maior número de casos, e a Itália é o país do mundo com mais vítimas mortais, 15.362 óbitos em 124.632 casos confirmados até hoje.

A Espanha é o segundo país com maior número de mortes, registando 11.744, entre 124.736 casos de infeção confirmados até hoje, enquanto os Estados Unidos, com 7.174 mortos, são o que contabiliza mais infetados (278.942).

Além de Itália, Espanha, Estados Unidos e China, os países mais afetados são França, com 7.560 mortos (89.953 casos), Reino Unido, com 4.313 mortos (41.903 casos), Irão, com 3.452 mortos (55.743 casos), e Alemanha, com 1.330 mortes (92.150 casos).

Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registaram-se 266 mortes, mais 20 do que na véspera (+8,1%), e 10.524 casos de infeções confirmadas, o que representa um aumento de 638 em relação a sexta-feira (+6,5%).

Dos infetados, 1.075 estão internados, 251 dos quais em unidades de cuidados intensivos, e há 75 doentes que já recuperaram.

 

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