As seis semanas em que os preços do petróleo desceram ao inferno

A cotação do barril de petróleo de referência nos EUA, o West Texas Intermediate (WTI), caiu hoje para território negativo, algo nunca visto, perante a saturação da capacidade de armazenagem e a procura esmagada pela pandemia do novo coronavírus.

Notícia

© iStock

Lusa
20/04/2020 23:07 ‧ 20/04/2020 por Lusa

Economia

petróleo

 

Esta situação culmina seis semanas de descida aos infernos por parte dos preços do petróleo, que evoluíam nos 114 dólares em 2011 e a níveis recorde (145 dólares) em 2008.

Em 05 de março, no início de uma reunião de dois dias do cartel de exportadores, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), e dos seus aliados, entre os quais a Federação Russa, conjunto designado por OPEP+, o barril cai abaixo dos 50 dólares pela primeira vez desde 2017.

No dia seguinte, a cotação do barril desce mais 10%, depois do fracasso das negociações, com os russos a recusa cortar mais a sua produção ara apoiar o preço.

No dia 09 de março, a cotação cai 20%, para perto dos 30 dólares por barril, depois de os sauditas terem anunciado o embaratecimento do seu petróleo, desencadeando uma guerra de preços com os russos, para procurarem aumentar a sua quota de mercado.

A queda das cotações prosseguiu nos dias seguintes e em 30 de março as cotações do WTI e do Brent, cotado em Londres, continuam a cair, baixando para o mínimo desde 2002, com o WTI a ficar mesmo abaixo dos 20 dólares.

Mas em 02 de abril regista-se uma subida histórica de 25% das cotações do petróleo, depois de mensagens do Presidente norte-americano, Donald Trump, na rede social Twitter, que apontavam para um eventual acordo entre Moscovo e Riade sobre uma descida da produção.

No dia seguinte, as cotações continuavam a subir valorizando 10%, graças ao otimismo sobre o fim da guerra de preços russo-saudita.

Mas, em 09 de abril, a cotação do WTI recua 09%, para cerca de 22 dólares, depois de uma reunião alargada da OPEP, por videoconferência, que deu lugar a um acordo histórico para reduzir a produção em 10 milhões de barris por dia. Contudo, os investidores consideraram este corte insuficiente para responder à quebra na procura em plena pandemia.

E, no dia de hoje, assistiu-se a uma jornada dantesca no mercado petrolífero. O valor do barril cai para valores negativos, uma situação inédita, com investidores e especuladores a procurarem desesperadamente desembaraçar-se de alguns barris, com um mercado de tal maneira saturado que os locais para armazenar o petróleo começam a faltar, perante uma procura inexistente.

No fim do dia, o WTI fechou a cotar 37,63 dólares negativos.

A dimensão espantosa desta queda é, contudo, explicada em grande parte por fatores técnicos e acelerada pela expiração na terça-feira do prazo para celebração de contratos para entrega de petróleo em maio. Quem os tem precisa de encontrar compradores físicos, o mais depressa possível. Mas com os 'stocks' já em excesso, foram forçados a pagar para encontrarem quem ficasse com eles.

Partilhe a notícia

Produto do ano 2024

Descarregue a nossa App gratuita

Oitavo ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas