O Produto Interno Bruto (PIB) da zona euro deverá contrair 10,2% em 2020, mais 2,7 pontos percentuais do que a contração esperada em abril (que era de 7,5%), mas em 2021 a recuperação assinalada hoje aponta para os 6%, superior em 1,3 pontos percentuais à estimada em abril.
Os números da zona euro estão, em larga medida, associados às suas maiores economias, e nesse parâmetro o FMI estima que a economia alemã, a maior da zona euro, se contraia 7,8% em 2020, recuperando 5,4% em 2021.
Para França, a instituição sediada em Washington aponta para uma recessão de 12,5% em 2020, e uma recuperação de 7,3% em 2021, uma previsão mais desfavorável (em 5,3 pontos percentuais) para 2020 e favorável (em 2,8 pontos percentuais) para 2021.
O Fundo estima quedas e recuperações iguais para as economias italiana e espanhola, de 12,8% em 2020, e uma recuperação de 6,3% em 2021 para ambos os países, e ainda de 7,7% para os Países Baixos, com uma recuperação de 5,0% em 2021.
Nas restantes economias avançadas, o FMI aponta que os Estados Unidos deverão ter uma recessão de 8%, o Japão de 5,8% e o Reino Unido de 10,2%.
Não há previsões atualizadas para Portugal, país para que o FMI estimou uma dívida de 135% do PIB em 2020, um défice de 7,1% do PIB, e uma recessão de 8%.
A China, que não é classificada como economia avançada, deverá registar um crescimento económico de 1% em 2020 e de 8,2% em 2021, segundo o FMI.
Na atualização das Perspetivas Económicas Mundiais hoje divulgada, o FMI dedica espaço às economias que estão a reabrir, como é o caso das da zona euro e das avançadas, depois dos confinamentos provocados pela pandemia de covid-19.
O fundo aponta que a saída de mecanismos de apoio social e ao emprego "deve ocorrer gradualmente para evitar precipitar quedas súbitas de rendimentos e bancarrotas precisamente quando a economia está a recuperar".
"Se o espaço orçamental o permitir, à medida que o apoio orçamental específico é retirado, pode ser substituído por investimento público para acelerar a recuperação e a rede de proteção social expandida, para proteger os mais vulneráveis", sugere o FMI, apontando para a descarbonização e para os impactos nos trabalhadores com menores qualificações que a pandemia provocou.
O FMI aponta ainda que "ao mesmo tempo, subsídios à contratação e gastos na formação dos trabalhadores terão de aumentar, para facilitar a relocalização para setores com maior procura e distanciar dos setores que ficarão mais pequenos depois da pandemia".
O fundo apresenta ainda cenários para uma possível segunda vaga no início de 2021, apontando que, nesse caso, em vez de a economia mundial crescer os 5,4% previsto no cenário base, esta taxa de crescimento sofresse uma redução de 4,9%.
Já no caso de uma recuperação mais rápida, a economia mundial avança meio ponto percentual acima do que o previsto nos números divulgados hoje (recessão de 4,9% em 2020) e 3% acima dos 5,4% projetados para 2021.