"O nosso modelo sugere que restringir um participante importante pode aumentar o custo de construção da rede de 5G em 63 milhões de euros por ano na próxima década (19% dos custos base) no nosso cenário central", lê-se no estudo "Restrição da concorrência na rede 5G na Europa: um estudo de impacto económico", de junho, da Oxford Economics, encomendado pela Huawei, que analisa 31 países europeus.
"Devido ao aumento dos preços, um milhão de pessoas (10% da população) que teriam de outra forma acesso à rede 5G [quinta geração móvel] poderão ficar sem acesso" à nova tecnologia em 2023, adianta.
"A economia portuguesa deverá contrair-se acentuadamente em 2020 devido à escalada do surto do novo coronavírus e ao impacto económico" das restrições tendo em vista a propagação da pandemia, quer internamente, quer em toda a Europa, aponta o estudo.
Neste contexto de recessão e subsequente recuperação, "um mercado de infraestruturas 5G competitivo ajudaria a maximizar os ganhos da inovação tecnológica e do crescimento em Portugal", prossegue, apontando que os serviços da nova tecnologia e atividades associadas "irão estimular a atividade económica em 3,7 mil milhões de euros no PIB e apoiar cerca de 127.300 empregos em Portugal".
Mas a restrição da concorrência "pode ter impactos económicos adversos significativos", refere o estudo, que apresenta três cenários, sendo que este é o central.
"Restringir a concorrência no mercado de infraestrutura de rede poderá reduzir significativamente o crescimento económico em Portugal nos próximos 15 anos", pelo que "estimamos que isso poderá reduzir o PIB em 2035 para 500 milhões de euros".
"Nos nossos cenários, esperamos um aumento, em média anual, dos custos de investimento nos próximos 10 anos com as restrições à concorrência entre 30 milhões de euros (9%) [cenário mais baixo] e 95 milhões de euros (29%) [cenário do extremo oposto]", adianta.
"A amplitude destas estimativas devem-se à incerteza relativamente à reação de outros fornecedores da infraestrutura de rede", explica o estudo da Oxford Economics.
Este aumento dos preços poderá resultar em atrasos no desenvolvimento da rede de nova geração, segundo o relatório.
"Estimamos que estes atrasos possam levar a mais 1,4 milhões de pessoas (14% da população) sem acesso ao 5G em 2023" em Portugal, referem.
Um menor crescimento económico devido ao atraso do desenvolvimento do 5G, associado com um baixo crescimento tecnológico "reduz o PIB entre 100 milhões de euros e 1,1 mil milhões de euros" dentro de 15 anos, considera o estudo.
O mercado da rede de infraestruturas na Europa é denominado por três 'players' - Ericsson, Huawei e Nokia -, as quais foram largamente responsáveis pelo desenvolvimento das redes 4G.
"No entanto, a participação de uma destas empresas - Huawei - no desenvolvimento do 5G será provavelmente limitado devido a uma série de decisões políticas. Os Estados Unidos e a Austrália" baniram a Huawei e em "vários outros mercados, os respetivos governos têm indicado que ou estão a considerar a sua exclusão ou impuseram restrições parciais", aponta o estudo.
"A teoria económica sugere que a restrição à concorrência leva a um aumento de preços", pelo que é esperado que "a restrição a um grande 'player' de concorrer na rede 5G levará a um aumento dos custos de investimento, atrasando a velocidade do desenvolvimento", o que "resultará num abrandamento do crescimento tecnológico e de inovação, baixo rendimento para as famílias e uma recuperação mais lenta da recessão da economia", salienta a Oxford Economics.
No total dos 31 países europeus analisados, o estudo aponta que restrições à Huawei poderão representar um aumento de custos na ordem dos 1.400 a 4.500 milhões de euros, tratando-se do cenário mais baixo e mais alto, respetivamente. O cenário central aponta para um aumento de custos anuais de 3.000 milhões de euros.
No caso da União Europeia a 27, os custos poderiam subir entre 1.168 milhões de euros e 3.564 milhões de euros.
Os Estados Unidos baniram a Huawei do seu país acusando a empresa de espionagem, o que tem sido refutado pela tecnológica.