Em resposta a algumas questões da Lusa, a porta-voz do grupo LSG, a marca de 'catering' da Lufthansa, que detém a Risto Rail recordou que esta empresa "não tem estado a prestar serviços a bordo dos comboios da CP desde 19 de março" o que levou à decisão de "colocar os 120 trabalhadores em 'lay-off'".
O grupo LSG realçou que a decisão de suspender o serviço foi da CP, devido à pandemia de covid-19 e que, depois das primeiras medidas de desconfinamento, "a Risto Rail contactou a operadora imediatamente para retomar as atividades nos termos contratuais. Apesar de várias propostas da Risto Rail e de reuniões com a DGERT [Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho], nenhum acordo foi atingido", de acordo com a mesma fonte.
"A nossa última proposta foi clara", referiu a mesma fonte, salientando que a empresa "está pronta para uma retoma parcial do serviço de bares até 30 de novembro (como pedido pela CP) se a operadora estiver preparada para um regresso total da atividade em dezembro, para que todos os trabalhadores possam então voltar ao trabalho".
A mesma fonte referiu que a Risto Rail está a "aguardar uma resposta" a esta proposta.
Questionada sobre o pedido aos trabalhadores para se apresentarem, mesmo sem trabalho, que foi criticada pelos sindicatos, a empresa referiu que "pediu aos seus funcionários para se apresentarem ao trabalho, fardados, e mostrarem a sua disponibilidade caso a CP decida retomar o serviço repentinamente, de acordo com os termos do contrato", explicou.
Os trabalhadores dos bares dos comboios Alfa e Intercidades exigem que a CP e a Risto Rail cheguem a acordo e garantem que irão apresentar-se ao trabalho no sábado.
Em declarações à Lusa em 03 de agosto, Francisco Figueiredo, dirigente da Federação dos Sindicatos de Agricultura, Alimentação, Bebidas, Hotelaria e Turismo de Portugal (Fesaht) deu conta de uma reunião com a Risto Rail, do grupo Lufthansa, e de um plenário, no contexto de negociações para retomar o serviço nos comboios.
"O plenário de trabalhadores decidiu que irão apresentar-se ao serviço no próximo dia 06, no comboio das 06:40", adiantou o responsável.
Os trabalhadores "não aceitam esta situação de falta de ocupação e foi requerida uma nova reunião no Ministério do Trabalho com a presença da CP", que tem estado em renegociações com a Risto Rail, para ajustar o contrato.
"A empresa [Risto Rail] informou do recurso a um novo programa de apoio ['lay-off'] em que se pressupõe que não continuam a receber o salário a 100% com redução do horário a 70%. Os trabalhadores não aceitam esta situação", referiu o sindicalista.
"A Risto Rail veio dizer que irá reduzir o horário e recorrer aos apoios e os trabalhadores vão ter de se apresentar, e ficam quatro ou cinco horas ali sem trabalhar. Achamos que isto configura uma prática de assédio", acusou.
Francisco Figueiredo garantiu ainda que as negociações estão a analisar a redução de 50% do número de trabalhadores, algo que a Fesaht não aceita.
No dia 15 de julho, Francisco Figueiredo deu conta de uma reunião ocorrida entre os sindicatos e a Risto Rail em que a empresa disse que não colocaria em Portugal "nem mais um cêntimo".
Em causa está precisamente a suspensão do serviço, que levou a que a CP deixasse, de acordo com Francisco Figueiredo, de pagar uma mensalidade de perto de 120 mil euros à empresa.
"Como medida de prevenção de contactos e garantia de cumprimento das medidas de distanciamento social, decorrentes da pandemia por covid-19, a CP viu-se forçada a suspender a prestação dos serviços a bordo dos comboios de Longo Curso, Alfa Pendular e Intercidades, desde o passado dia 19 de março de 2020", disse, por sua vez, a CP - Comboios de Portugal, em resposta escrita à Lusa.
De acordo com a mesma fonte oficial, em junho a operadora "encetou negociações com o prestador de serviços [Risto Rail] com vista à retoma do serviço de bar, nos referidos comboios, alinhado com o cenário de pandemia que se vive e com os constrangimentos daí resultantes".
A transportadora garantiu que "desde então tem vindo a realizar contactos com o prestador de serviços, com o objetivo de encontrar uma plataforma de entendimento" para "voltar a disponibilizar, aos clientes, serviço de bar a bordo dos comboios Alfa Pendular e Intercidades, cumprindo com as normas de saúde pública estabelecidas pelas autoridades competentes".
Os trabalhadores voltam a reunir-se em plenário na quinta-feira.