"O verão foi um balão de oxigénio, mas a seguir ao verão caiu um balde água fria", afirmou a presidente executiva (CEO) da AHP, Cristina Siza Vieira, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do inquérito "Impacto da covid-19 na Hotelaria -- 4.ª fase -- Balanço do Verão / Perspetivas Outono", feito aos seus associados, entre os dias 21 de setembro e 15 de outubro.
De acordo com os dados recolhidos pela AHP, em junho 52% dos hotéis estavam encerrados, mas, com a reabertura do espaço aéreo, o valor passou para 30% em julho, 28% em agosto e 25% em setembro.
"A partir de setembro vai ser em queda [...]. A perspetiva é que suba a percentagem de hotéis encerrados", acrescentou.
Segundo Cristina Siza Vieira, os hotéis cuja operação depende muito da organização de eventos, como congressos e conferências -- maioritariamente os hotéis de cidade -- não deverão abrir novamente portas até ao final do ano.
Questionada sobre a possibilidade de alguns desses hotéis fecharem definitivamente as portas, devido a falência das empresas hoteleiras, responsável disse que em mais de 90% dos associados essa questão não se coloca.
"Há situações de paragem brutal de atividade, eventuais encerramentos, mas não é tanto o negócio todo que vai [à falência]", esclareceu Cristina Siza Vieira, acrescentando que a hotelaria em Portugal não é um pequeno negócio e ficou numa situação positiva de autonomia financeira com o 'boom' do turismo nos últimos anos.
O problema, prende-se, porém, com a manutenção dos trabalhadores, daí que a grande maioria dos inquiridos tenha dito que são ainda necessárias medidas de apoio do Governo, nomeadamente no que diz respeito à manutenção do emprego.
De acordo com os dados recolhidos, 51% dos associados da AHP não pretende reduzir o quadro dos trabalhadores e 45% manifestou essa intenção.
A AHP prevê que a hotelaria feche o ano com uma perda de 70% de dormidas, o correspondente a menos 40,6 milhões de dormidas.
O presidente da AHP, Raul Martins, afirmou esta semana, em entrevista à Lusa, que estima que a perda de receitas dos hotéis em 2020 possa ser superior a 3,6 mil milhões de euros, uma previsão mais pessimista do que a feita em junho.
A maioria dos inquiridos pela AHP (27,11%) disse, ainda, acreditar que só no segundo semestre de 2023 é que turismo vai retomar as operações, ao nível de 2019, havendo, porém, quem acredite que tal só acontecerá em 2024 (3,64%).