Setor apela para legislação "transparente" para biocombustíveis

Os produtores, distribuidores e utilizadores de biocombustíveis alertaram esta quarta-feira para a necessidade de alterar a legislação para permitir que todos joguem com as mesmas regras.

Notícia

© shutterstock

Lusa
23/04/2025 20:36 ‧ há 5 horas por Lusa

Economia

Biocombustíveis

No âmbito do lançamento do Tour d'Europe, iniciativa que tem como objetivo percorrer 20 países com veículos alimentados por biocombustíveis até junho para demonstrar o seu potencial na descarbonização, várias empresas da cadeia de valor da indústria automóvel e energética reuniram-se para debater os desafios e potencialidade deste combustível renovável produzido, por exemplo, através de óleos alimentares usados.

 

Para a administradora da Bosch, Claúdia Ribeiro da Silva, os biocombustíveis devem ser encarados como uma alternativa e complementaridade à eletrificação. Só assim, segundo a gestora da empresa que é parceira na área da tecnologia da Tour d'Europe, é que será possível atingir a meta da União Europeia de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa dos transportes em 90%, em comparação com os níveis de 1990.

"Os combustíveis renováveis já estão disponíveis em toda a Europa de forma abrangente. Mas para haver investimento é preciso que alguém legisle de forma clara e concisa", defendeu.

Já o administrador da empresa Transportes Aguieira, Pedro Cordeiro, aproveitou para lembrar que uma das vantagens desta solução é o facto de os "motores de combustão estarem preparados para receber biocombustíveis", não é preciso renovar as frotas.

"A descarbonização está aqui, temos soluções e são viáveis. Só há que legislar de forma prática e transparente, em igualdade com as outras", acrescentou a administradora da Bosch.

Uma posição partilhada pela 'chief operating officer (COO) (administradora com o pelouro das operações) da Prio: "Se queremos realmente reduzir em 90% [os gases com efeito de estufa] vamos precisar de todos", alertou Anabela Antunes.

"Os biocombustíveis nunca foram muito sexy. Hoje temos [o tema do] hidrogénio, amanhã vai haver outra coisa. Temos de deixar que o mercado e a inovação encontrem o caminho para as metas que queremos alcançar para a descarbonização", referiu, acrescentando que "ainda há muito a fazer" e "é preciso mudar alguma legislação".

Aproveitando que a transposição para o quadro nacional da diretiva europeia RED III (Renewable Energy Directive, na sigla em inglês) está para breve, o setor apelou para que o Governo aproveite e olhe para os biocombustíveis.

O apelo não é de hoje, já pelo menos desde 2022 que o setor alertava, por exemplo, para o vazio legal da taxa de obrigatoriedade de incorporação de biocombustível na gasolina e no gasóleo.

A secretária-geral da Associação de Bioenergia Avançada (ABA), Ana Calhôa, não tem dúvidas de que os biocombustíveis não têm um tratamento igual face às outras renováveis.

"A verdade é que nunca estiveram em pé de igualdade", lamentou.

Já o secretário-geral da EPCOL - Empresas Portuguesas de Combustíveis e Lubrificantes, António Comprido, foi mais longe e considerou que o "pecado mortal dos políticos e legisladores a nível nacional e europeu é acharem que sabem qual é a solução, desprezando o triângulo virtuoso para se conseguir chegar a bom termo". A ciência, o mercado e os consumidores constituem o triângulo virtuoso apontado pelo responsável da antiga APETRO.

António Comprido lamentou ainda que não haja uma estratégia nacional para os biocombustíveis como existe, por exemplo, para o biometano ou hidrogénio.

Leia Também: Coimbra. Unidade de biocombustíveis investigada por crime de poluição

Partilhe a notícia

Escolha do ocnsumidor 2025

Descarregue a nossa App gratuita

Nono ano consecutivo Escolha do Consumidor para Imprensa Online e eleito o produto do ano 2024.

* Estudo da e Netsonda, nov. e dez. 2023 produtodoano- pt.com
App androidApp iOS

Recomendados para si

Leia também

Últimas notícias


Newsletter

Receba os principais destaques todos os dias no seu email.

Mais lidas