"A aprovação do acordo financeiro pelo FMI é um passo fundamental para um processo de negociação dos títulos de dívida soberana mais expedito", lê-se num comentário divulgado no seguimento da visita de uma equipa do FMI a Lusaca, no princípio da semana passada.
"A típica recusa das autoridades em aceitar responsabilidades pelo crescimento da despesa nos últimos anos, bem como a ausência de uma estratégia coerente de redução da dívida no seguimento da reestruturação em negociação com os credores, são entraves significativos", alertam, no entanto, os analistas.
Para esta filial africana da consultora britânica Oxford Economics, "aumentar os preços dos fertilizantes, por exemplo, será um tema politicamente sensível, já que para além de colocar os agricultores em desvantagem, deverá repercutir-se no preço de mercado do milho, um alimento diário".
No entanto, apontam, "o cenário central da análise aponta para um cumprimento das medidas de reforma política que vão permitir a adoção formal de um programa de assistência financeira do FMI, que será central para aliviar a tensão com os credores, trazer apoio dos parceiros internacionais, estabelecer confiança nos investidores e, também, injetar a tão necessária liquidez na economia".
O maior risco, concluem os analistas, é o Governo não querer ceder o poder de definir a agenda política nas vésperas das eleições legislativas, que a NKC diz que devem ser renhidas.
No princípio da semana, o FMI reconheceu oficialmente que recebeu um pedido formal de ajuda financeira por parte autoridades da Zâmbia, no seguimento do Incumprimento Financeiro em que caiu quando falhou o pagamento de uma prestação de 42,5 milhões de dólares (35,8 milhões de euros) relativamente a uma emissão de dívida com maturidade em 2022.
O otimismo da NKC sobre o financiamento do FMI baseia-se na assunção de que "a ajuda é urgente" e deverá ser anunciado o programa ainda no primeiro trimestre, "desde que a Zâmbia concorde com os objetivos de consolidação que são propostos pelo Fundo".
Isto, concluem, "irá obrigar a um desvio do caminho populista e de autoenriquecimento que o Governo da Zâmbia tem seguido para aumentar a popularidade em época de eleições, agendadas para agosto".
A Zâmbia tornou-se em novembro o primeiro país africano a entrar em Incumprimento Financeiro ('default'), depois de ter pedido aos credores privados para aceitarem os mesmos termos da moratória em vigor ao abrigo da Iniciativa para a Suspensão do Serviço da Dívida (DSSI), que se aplica apenas à dívida a credores oficiais bilaterais, nomeadamente países e instituições financeiras multilaterais.