Num comunicado, a estrutura sindical referiu que a ANA "quer aproveitar a onda do momento que a aviação civil atravessa e avança com um PDC [processo de despedimento coletivo] para estes trabalhadores do 'gueto' do depósito de bagagem, desculpando-se agora com a instalação de cacifos e consequente extinção desta categoria de 'assistentes de depósito de bagagem'".
O Sitava garante, no entanto, que "esta não é a categoria profissional destes trabalhadores, a qual existe noutras áreas da empresa podendo perfeitamente acomodar estes cinco trabalhadores".
"Mesmo assim, quando surgiu a pandemia e a ANA pediu aos seus trabalhadores a adesão 'voluntária' a uma redução salarial de 20%, estes trabalhadores, apesar de marginalizados, responderam positivamente à proposta da empresa, aderindo também a esta medida", garantiu o Sitava, queixando-se das condições de trabalho destes funcionários, que diz serem "alvo de exploração dentro do grupo" já há vários anos.
A 27 de novembro, a Lusa noticiou que a ANA avançou com o despedimento coletivo destes cinco trabalhadores, depois de decidir instalar cacifos automáticos em Lisboa, acabando com a categoria de assistente de depósito de bagagem, segundo a carta que fundamenta a decisão.
Na missiva, que comunica a intenção de despedimento coletivo, a que a Lusa teve acesso, a gestora refere que "estes cinco colaboradores são os únicos na ANA que detêm a referida categoria profissional e conteúdo funcional" e recorda que "atualmente, os aeroportos de Porto e Faro asseguram o chamado serviço de depósito de bagagem mediante um sistema de cacifos/'lockers', sendo o aeroporto de Lisboa o único em Portugal continental que ainda não tem este sistema automático de guarda de depósito sob a gestão pelo próprio utilizador".
Assim, prossegue a gestora, "em linha com aquela que é a realidade nacional e tendência mundial" a administração da ANA, "dentro dos seus poderes de gestão, tomou a decisão de implementar também o sistema digital de cacifos/'lockers' no Aeroporto Humberto Delgado.
Contactada pela Lusa, a ANA recordou que está "a sofrer as consequências da crise pandémica como todo o setor da aviação" e que "não tendo recorrido ao lay-off nem recebido apoios públicos, implementou as medidas mais leves para mitigar os efeitos da crise, protegendo os seus trabalhadores" recordando que está a realizar "acordos voluntários de saída (por mútuo acordo ou pré-reforma) com os trabalhadores interessados".