"Definitivamente este é o caminho. Nós temos que melhorar a cadeia de valor e poder entrar no mercado do turismo essencialmente. E isto começa exatamente pela formação dos nossos pescadores, das nossas peixeiras, dos nossos tratadores de peixe que, depois de terem a certificação, fica muito mais fácil certificar os produtos, tanto para exportação como para o setor do turismo", disse o ministro.
Paulo Veiga falava aos jornalistas na cidade da Praia, durante a cerimónia de entrega de certificados a 27 tratadores de peixe do Cais de Pesca da Praia, que durante duas semanas receberam formação para aprimorar os conhecimentos nas questões de higiene sanitária, técnicas de evisceração, transformação, acondicionamento e conservação de pescado.
A formação foi ministrada na Escola de Hotelaria e Turismo de Cabo Verde (EHTCV) em finais do ano passado e teve a parceria do Ministério da Economia Marítima e do Cais de Pesca da Praia, o maior do país e que movimenta diariamente uma média de sete a 10 toneladas de peixe, segundo o diretor, Amílcar Silva.
Para o ministro da Economia Marítima, o objetivo dessas ações é ter um "setor cada vez mais forte", que vai desde as frotas de pesca, ao tratamento e venda do pescado.
"Tudo isto é uma cadeia de valor e uma oportunidade para se desenvolver novos negócios", salientou o ministro, que aproveitou para apelar ao investimento do empresariado nacional no setor das pescas.
Paulo Veiga disse que esses profissionais poderão trabalhar para as empresas que exportam pescado fresco e dar um tratamento ao peixe igual ao que é dado em mercados internacionais.
Os 27 formandos saíram com maior domínio técnico e segurança sanitária na manipulação do pescado a fim de exercer a profissão em segurança e transmitir confiança aos clientes que visitam o Cais da Pesca da Praia.
O presidente da EHTCV, Sérgio Sequeira, salientou que os tratadores de peixe vão agora fazer um trabalho "com qualidade", enquanto o diretor do Cais de Pesca, Amílcar Silva, garantiu que as formações vão ser contínuas, para dotar esses profissionais de mais e novas competências.
Agostinho Mendes Semedo, 31 anos, um dos formandos, lembrou que antes tratavam o peixe sem as mínimas condições de higiene no maior cais de Cabo Verde, mas que agora ele e os colegas estão capacitados para prestar um melhor serviço aos clientes.
Em fevereiro de 2018, durante um encontro de pescadores e peixeiras de Santiago, Paulo Veiga, então secretário de Estado da Economia Marítima, avançou que o setor das pescas contribui com apenas 1% para a riqueza de Cabo Verde, mas garante sobrevivência a 30% dos cabo-verdianos, emprega 5% da população ativa (cerca de 10 mil pessoas), e representa quase 80% das exportações.
De acordo com dados estatísticos do Banco de Cabo Verde, as exportações de produtos do mar do país ultrapassaram em outubro os 4,8 milhões de euros, o valor mais em alto em 15 meses.
Segundo o BCV, de janeiro a outubro do ano passado, o país exportou 3.159 milhões de escudos (28,5 milhões de euros) em produtos do mar, essencialmente conservas e peixe congelado.
Trata-se de uma quebra de 20% face aos 3.970 milhões de escudos (35,8 milhões de euros) de exportações em produtos do mar de janeiro -- segunda principal a outubro de 2019.
Os produtos do mar representaram 79,4% das exportações de Cabo Verde em 2019 e têm Espanha como destino principal, essencialmente as conservas.