"Houve um investimento muito grande nos últimos anos na qualificação dos nossos profissionais e esta é uma grande preocupação, que os nossos profissionais não saiam para outras atividades, que não se perca este ano algo que foi adquirido ao longo dos tempos e que nós corremos o risco de ser todo destruído, porque as pessoas têm de receber salários e, se não encontram salários e estabilidade nos nossos setores, vão procurar outras atividades", disse a responsável da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), Ana Jacinto, em entrevista à Lusa.
Para a AHRESP, isto significaria uma perda de recursos conquistados ao longo de muitos anos pelos empresários da restauração e do alojamento turístico em Portugal.
Para que isso não aconteça, prosseguiu Ana Jacinto, o setor tem de ter "capacidade de resistir" agora e "flexibilidade" para se adaptar às mudanças que a pandemia trouxe, algumas das quais de forma permanente.
"Nós teremos um turista diferente e com outras motivações, com outras preocupações e nós temos que saber responder a estas novas tendências que, certamente vão acontecer", referiu a responsável.
Neste sentido, a AHRESP já sugeriu ao Governo a criação de um grupo de trabalho ('task force') que inclua as associações e confederações, para planear o futuro do setor.
"Esse planeamento tem de ser feito já, porque todos os outros países vão querer conquistar turistas, vão querer conquistar mercado e nós temos de nos antecipar, mas, para isso, nós precisamos de preparar esse caminho já e, que eu saiba, isso não está a ser feito, ou se está, não é do nosso conhecimento", disse Ana Jacinto.
A AHRESP tem também apelado ao Governo para que comece desde já a trabalhar com a Confederação Europeia da Hotelaria e Restauração (HOTREC, na sigla inglesa), para que haja uma coordenação a nível europeu no planeamento do setor pós-pandemia.