A decisão foi tomada pelo magistrado André Prado, da 7ª Vara Federal de Minas Gerais, em resposta a uma ação movida por dois advogados contra a intenção do Governo, que propôs como novo presidente da petrolífera o general da reserva do Exército Joaquim Silva e Luna.
Segundo o juiz, o executivo deve explicar "em até 72 horas" o motivo dessa mudança de forma "concisa e objetiva".
A mudança que Bolsonaro pretende impor à Petrobras, estatal cujas ações estão cotadas nas bolsas de valores de São Paulo e Nova Iorque, foi interpretada pelos mercados como uma espécie de "interferência" do Estado nos negócios da empresa.
Como consequência dessa perceção, as ações preferenciais da Petrobras na Bolsa de Valores de São caíram 21,51% na segunda-feira, enquanto que as ordinárias afundaram 20,48%, o que levou a bolsa paulista a encerrar com perdas de 4,87%.
Pelos cálculos do mercado financeiro, desde que o Governo Bolsonaro anunciou as mudanças na Petrobras, que ainda precisam de ser confirmadas pelo conselho de administração da petrolífera, o valor de mercado da empresa caiu cerca de 18 mil milhões de dólares (cerca de 14,8 mil milhões de euros).
A presidência da Petrobras é ocupada desde janeiro de 2019 pelo economista Roberto Castello Branco, proposto a Bolsonaro pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, firme defensor da linha liberal e da não intervenção do Estado em assuntos económicos.
Bolsonaro começou a expressar o seu desacordo com a gestão da Petrobras há duas semanas, quando um aumento constante nos preços dos combustíveis levou os sindicatos dos camionistas a ameaçarem realizar uma greve geral semelhante à realizada em maio de 2018, que paralisou o país durante onze dias com um grave impacto económico.
A Petrobras argumentou que o aumento dos preços dos combustíveis, que já ultrapassou os 30% este ano, se deve ao comportamento dos mercados internacionais e à desvalorização do real frente ao dólar.
Bolsonaro, líder de uma emergente extrema-direita que se autodenomina economicamente liberal, não aceitou essas explicações e ratificou a sua decisão de colocar à frente da Petrobras o general Silva e Luna, que foi Ministro da Defesa (2016-2018) e desemprenha atualmente o cargo de diretor do lado brasileiro da central hidroelétrica de Itaipu.
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