"É uma ajudinha muito boa. Se vier é uma ajuda boa. Agora vamos ver se ela vem, não é?", afirmou Manuel Lage, proprietário de uma pastelaria em Campo de Ourique, em declarações aos jornalistas durante uma visita do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina (PS), a um conjunto de estabelecimentos daquela freguesia.
O empresário contou que não despediu nenhum funcionário. Continua, assim, com os 19 que tinha antes de a pandemia de covid-19 ter chegado e ameaçado o tecido económico da cidade.
Para Manuel Lage o apoio a fundo perdido da autarquia "alivia bastante", mas "qualquer ajuda que venha é sempre bem-vinda".
Com quebras de faturação de cerca de 40% em relação ao período antes da pandemia, Manuel Lage disse que tem a pastelaria há 33 anos e garantiu que nunca passou por "um período tão difícil como este".
"A gente vai para casa e mal consegue dormir. É um dia de cada vez. A gente não sabe o que vem amanhã, o que vem depois. Nós estamos sempre com receio que as coisas piorem. Temos de ir levando um dia de cada vez, a ver se isto melhora", salientou.
À porta de um dos restaurantes que tem na cidade, o 'chef' Vítor Sobral lamentou não ter recebido ainda a ajuda do Programa Apoiar, prometida em dezembro, e confessou que não pagou os salários de fevereiro aos funcionários, uma vez que ainda não recebeu o 'lay-off' desse mês.
Quanto aos apoios da Câmara Municipal de Lisboa, garantiu que "não são suficientes", mas "são extremamente importantes".
O 'chef' contava, antes da pandemia, com uma equipa de 118 funcionários. Hoje, são 82 porque não conseguiu renovar os contratos que foram terminando.
Vítor Sobral adiantou ainda que tem um "grande projeto" para lançar no verão que, a ser possível abrir, poderá "dobrar os postos de trabalho".
"A grande questão é: 'eu consigo chegar ao verão?' Essa é a grande questão. Não sei. Vai depender de muitos fatores", concluiu.
Em declarações aos jornalistas, o presidente da Câmara de Lisboa admitiu que o apoio "não é suficiente para tudo aquilo que é preciso".
"Não é, mas é aquilo que nós podemos fazer e, muitas vezes, faz a diferença receber o apoio a fundo perdido, recebê-lo a tempo e horas, proteger o emprego, protegendo as atividades", ressalvou.
Fernando Medina recordou que abriram hoje as candidaturas à nova fase do Lisboa Protege, que concederá apoios a fundo perdido a empresários e comerciantes que não estavam incluídos numa primeira fase do apoio, designadamente empresários em nome individual com contabilidade simplificada e empresários com faturação entre 500 mil euros e um milhão de euros.
Também atividades empresariais como panificação, pequenas oficinas de reparação, atividades criativas, desportivas e de lazer ou Lojas com História, passam a poder candidatar-se ao apoio.
Em jeito de balanço, o autarca referiu ainda que, no âmbito da primeira fase do Lisboa Protege, a autarquia apoiou, até ao momento, "2.700 empresas, fundamentalmente da restauração e do comércio, no valor de apoios que já ultrapassou um total de 16 milhões de euros".
"Nós precisamos de salvar o músculo económico, social, anímico desta cidade, [...] para termos esse músculo quando tivermos a recuperação e a abertura do país", acrescentou.
Questionado sobre a recandidatura à Câmara de Lisboa, Fernando Medina afirmou que "ainda falta muito para essa conversa", acrescentando que "depois, naturalmente quem manda são os lisboetas, que são soberanos".
A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.531.448 mortos no mundo, resultantes de mais de 114 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Em Portugal, morreram 16.351 pessoas dos 804.956 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.