Permanece o impasse na Groundforce. O acordo entre a TAP e a Pasogal, acionista da Groundforce, falhou, porque as ações do acionista já estão penhoradas e, assim, não podem ser dadas como garantia, disse fonte oficial do Ministério das Infraestruturas à agência Lusa.
De acordo com fonte oficial do Ministério das Infraestruturas e da Habitação, as negociações, que já se arrastavam há vários dias, falharam, porque Alfredo Casimiro, dono da Pasogal, empresa que detém 50,1% da Groundforce, não pode entregar as ações como garantia para o empréstimo, uma vez que já se encontram penhoradas.
Em causa estão as negociações para um adiantamento de 2,05 milhões de euros para pagamento de salários em atraso, relativos a fevereiro, que seria feito pela TAP à Groundforce, em que as ações da Pasogal seriam dadas como garantia.
A TAP é também acionista da Groundforce, com 49,9% do capital, e o princial cliente da empresa da 'handling' (assistência nos aeroportos), e desde novembro tem vindo a fazer adiantamentos à Groundforce, que teve uma grande quebra de receitas devido ao impacto da pandemia no setor da aviação.
Ainda não há solução à vista
A Comissão de Trabalhadores revelou que o Governo ainda não tem soluções para resolver o problema dos trabalhadores da Groundforce, indicou o ministro das Infraestruturas e Habitação, Pedro Nuno Santos, em reunião com os representantes dos colaboradores.
"O ministro informou-nos que não estava ali para discutir soluções, mas na condição de informar o que tinha acontecido no dia de hoje [segunda-feira]. Descobriu que a maioria das ações está penhorada num banco, mas que Alfredo Casimiro [principal acionista] não quis dizer qual e está protegido pelo sigilo bancário. E que outras ações estão numa entidade que não conhece. Está a tentar descobrir", adiantou João Alves, da Comissão de Trabalhadores (CT).
João Alves disse ainda que o ministro "não está ainda em condições de poder avaliar as situações" porque não depende só dele. "Assim que tiver mais dados concretos diz que nos volta a contactar", referiu.
A Comissão de Trabalhadores da Groundforce admitiu ainda recear a perda dos postos de trabalho, caso seja pedida a insolvência da empresa, depois de não ter sido alcançado acordo entre o acionista privado e a TAP.
Já o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes de Portugal (STTAMP) apelou ao Governo para encetar todas as medidas para "salvar a Groundforce" e para "chamar à responsabilidade" quem fez "artimanhas financeiras" e colocou em causa o futuro da empresa.
Para esta terça-feira está agendada uma nova manifestação dos trabalhadores da empresa.
Nacionalização está em cima da mesa?
Com o falhanço do acordo, a nacionalização pode estar em cima da mesa, de acordo com a SIC Notícias.O Governo admite agora nacionalizar a Groundforce perante a iminência de falência da empresa.
Segundo o canal de televisão, como se aproxima o verão e a TAP precisa que a empresa continue a fornecer o serviço de 'handling' (assistência nos aeroportos) é necessário manter a sua viabilidade. Por este motivo, o Ministério das Infraestruturas admite agora a hipótese de nacionalizar a Groundforce .
Na quinta-feira, em conferência de imprensa, o ministro das Infraestruturas disse que o empréstimo bancário à Groundforce será dado com aval do Estado, realçando que as exigências para o financiamento aguardado serão "as mesmas" que as impostas para o adiantamento pela TAP.
Questionado sobre a demora da operação, apontada pela empresa como justificação para o atraso no pagamento dos salários, o governante adiantou que "havia um conjunto de informação que estava a ser pedida [à empresa], mas não estava a ser dada e isso atrasou o processo".
"A disponibilidade para fazer essa operação existe", disse, referindo que "em princípio, [...] o empréstimo chega durante o mês de março".
Em comunicado enviado na quinta-feira, o acionista privado da Groundforce adiantou estar "já negociado" o empréstimo bancário com aval do Estado, "de 30 milhões de euros das anunciadas linhas Covid".
Na conferência de imprensa, Pedro Nuno Santos sublinhou que "é preciso que se entenda que as exigências que a TAP está a fazer à Groundforce [para o adiantamento de 2,05 milhões de euros para pagamento de salários em atraso] são as mesmas que o Estado português exigirá pelo empréstimo bancário".
"Aquilo que está a ser recusado hoje acabará por ter de ser recusado na altura do empréstimo bancário, porque as exigências são as mesmas", acrescentou.
Pedro Nuno Santos disse então que a Groundforce "tem dinheiro em caixa que lhe permitiria pagar metade dos salários dos trabalhadores".
"Sabemos que há cerca de 1,4 milhões de euros em caixa. Posso estar errado no valor, mas sabemos que há dinheiro em caixa desta dimensão", referiu.
O ministro das Infraestruturas e da Habitação considerou "inaceitável" a proposta do acionista privado da Groundforce (a Pasogal, de Alfredo Casimiro) de exigir manter o controlo da empresa em caso de execução da penhora da sua participação por incumprimento do pagamento da dívida à TAP.
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