Medidas de Alto Risco em São Miguel com impacto negativo no turismo
Os representantes da hotelaria e do alojamento local nos Açores entendem que as medidas impostas devido ao aumento de casos de covid-19 em São Miguel deveriam ser comunicadas de "forma mais antecipada" para evitar "prejuízos" que se agravam.
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Economia Covid-19
"As pessoas percebem que poderemos estar aqui (São Miguel) com restrições por três semanas, porque até foi anunciado pelo Governo o cancelamento do rali que iria ocorrer dentro de três semanas. O próprio cancelamento do rali implica perdas para o alojamento local. E já temos cancelamentos que estão a acontecer em São Miguel em virtude das medidas de Alto Risco", disse hoje à agência Lusa o presidente da Associação de Alojamento Local dos Açores, Rui Correia.
São Miguel está desde as 00:00 (01:00 de Lisboa) no patamar de Alto Risco de contágio da covid-19, sendo a ilha que regista maior número de novas infeções.
Nesse âmbito, a Autoridade de Saúde Regional determinou o encerramento de restaurantes e cafés em São Miguel, enquanto o ensino continuará a ser feito à distância em toda aquela ilha.
Por estarem no nível de Alto Risco, todos os concelhos da ilha de São Miguel ficam ainda com proibição de circulação na via pública entre as 20:00 e as 05:00 durante a semana e entre as 15:00 e as 05:00 ao fim de semana.
O presidente da Associação de Alojamento Local dos Açores disse que são medidas "inevitáveis" que "devem ser tomadas", mas defende que deveriam ser comunicadas "mais cedo".
"Agora, obviamente, quanto mais cedo tivéssemos acesso a estas medidas e, se fossem comunicadas o quanto antes e de uma forma o mais clara possível, teríamos menos transtorno no nosso setor", sustentou Rui Correia.
O responsável da Associação de Alojamento Local lembra que quando os turistas se deslocam aos Açores pretendem visitar vários pontos turísticos, mas também querem "usufruir de uma série de serviços e experiências", incluindo na área da gastronomia.
Mas, "tudo isto está agora com restrições, devido às novas medidas", na ilha de São Miguel, lembrou.
Rui Correia sublinhou que desde o início da pandemia "o alojamento local teve de se adaptar".
"Nós hoje somos muito mais flexíveis nas nossas políticas de cancelamento. É uma nova dinâmica que o mercado do turismo tem. E, quando aparecem novas medidas, a tendência de muitos dos nossos eventuais clientes é cancelar", acrescentou.
E, prosseguiu, "a política da saúde pública nos Açores também deve estar interligada com aquilo que é a política da economia ligada, em particular, ao turismo".
O delegado nos Açores da Associação da Hotelaria de Portugal, Fernando Neves, apontou também para "cancelamentos" decorrentes da alteração das medidas impostas devido ao aumento de casos de covid-19 na ilha de São Miguel.
"Todas as vezes que se anunciam estas medidas há, de imediato, cancelamentos. E têm existido cancelamentos por diversas razões. E, se associarmos isto também ao cancelamento do rali, porque devido a esta prova que estava agendada já havia alguma procura e algumas reservas, o que se verifica é que a situação dos hotéis está a piorar", sustentou Fernando Neves, à Lusa.
Fernando Neves alertou que "desde há um ano" que a hotelaria na região tem vindo a registar "quebras enormes com dificuldades muito grandes", uma situação que se acentua sempre que são necessárias "novas medidas" de combate à pandemia.
"Todas as vezes que se anunciam medidas há cancelamentos", vincou o delegado nos Açores da Associação da Hotelaria de Portugal, lembrando que a situação é "muito prejudicial também para a restauração".
Fernando Neves entende igualmente que "as medidas" de combate à pandemia "são tomadas muito em cima do acontecimento".
"No turismo trabalhamos a prazo, as pessoas fazem as reservas com alguma antecedência e naturalmente que quando e alteram as medidas muitas vezes em cima da hora traz situações negativas com cancelamentos", vincou.
Desde o início da pandemia foram diagnosticados 4.614 casos positivos de covid-19 nos Açores, tendo recuperado da doença 4.082 pessoas e falecido 30.
A região regista hoje 391 casos ativos, dos quais 372 em São Miguel, 10 no Faial, cinco em Santa Maria, três na Terceira e um nas Flores.
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