O BCE considera a sua política monetária - com taxas de juro em 0%, uma taxa de depósito bancário de -0,50% e compras de emergência de dívida de 1,85 biliões de euros até ao final de março de 2022 - suficientes para manter as condições de financiamento favoráveis.
Na sequência da subida dos juros das dívidas soberanas da zona euro desde dezembro, o BCE considerou em março que se justificava e era uma "resposta proporcional" fazer um "aumento significativo" do ritmo de compra de obrigações no segundo trimestre.
O BCE comprou até agora 976.585 milhões de euros de obrigações para enfrentar a crise provocada pela pandemia da covid-19, tendo ainda disponível quase metade da dotação do programa.
Os juros das dívidas soberanas dos países da zona euro, especialmente alguns países periféricos, caíram após a intervenção do BCE.
Os analistas da UniCredit acreditam que a incerteza em relação à política alemã pode tornar-se um aspeto mais importante para a dívida soberana da zona euro nas próximas semanas.
A liderança da formação política alemã União Democrática Cristã (CDU) apoiou esmagadoramente o centrista Armin Laschet para ser candidato a chanceler nas eleições gerais de setembro, tendo-se retirado da corrida Markus Söder, presidente da União Social Cristã (CSU) e chefe do governo da Baviera.
Algumas sondagens mostram uma queda das intenções de voto na CDU/CSU, embora haja sempre movimentos bruscos quando se anunciam candidatos a chanceler, segundo a UniCredit.
Como resultado, a luta pela chancelaria será apertada e "a incerteza política na Alemanha não vai diminuir em breve", o que poderia impedir o rendimento do 'Bund', o título alemão a 10 anos, de subir ainda mais, a menos que o BCE ofereça uma nova perspetiva, o que não acontecerá na reunião de amanhã, de acordo com a UniCredit.
Anna Stupnytska, economista global da Fidelity International, citada pela Efe, também refere que "é pouco provável que o BCE altere a sua política na reunião desta semana".
A economista espera "que o conselho do BCE mantenha a posição pacifista, mas que também adote um tom cautelosamente otimista" porque "os dados mais recentes da zona euro foram ligeiramente melhores do que o esperado e a campanha de vacinação, que começou lentamente, acelerou significativamente nas últimas semanas".
Além disso, "as condições de financiamento permaneceram favoráveis, sustentadas pela estabilização dos mercados obrigacionistas mundiais no mês passado", de acordo com Stupnytska.
Por ouyto lado, Konstantin Veit, gestor da carteira das taxas de juro europeias da PIMCO, salienta que a atual estratégia do BCE "representa as divisões no seio do conselho do BCE".
Veit salienta que a preferência da presidente do BCE, Christine Lagarde, de tentar governar por consenso pode ter efeitos colaterais: "Contém o risco de abrandar a tomada de decisões e, na pior das hipóteses, impedi-la completamente".
Se os juros subirem, Veit espera que o BCE intensifique as intervenções verbais e aumente a compra de dívida de emergência.
Na reunião de junho, o conselho do BCE irá rever o ritmo do programa de aquisição de dívida de emergência com base em projeções macroeconómicas trimestrais.
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