"O objetivo da política industrial moderna não é só criação de emprego"

O secretário de Estado Adjunto e da Economia, João Neves, defende que "o objetivo de uma política industrial moderna não é apenas a criação de emprego", numa semana em que irá ter lugar um evento para debater a reindustrialização.

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Lusa
27/04/2021 14:05 ‧ 27/04/2021 por Lusa

Economia

João Neves

 

Em entrevista à Lusa, o governante adiantou que "a criação de emprego tem de estar ligada à capacidade de promover produtos de maior valor acrescentado e não apenas à criação de emprego, mas de melhor emprego e mais bem remunerado".

Ou seja, "o objetivo de uma política industrial moderna não é apenas da criação de emprego, mas sobretudo ter uma estrutura de emprego com mais qualificações, mais competências e que seja mais bem remunerada", salientou.

"Temos ainda um leque de ofertas de emprego no setor industrial que é muito determinado pelo fator preço da mão-de-obra e um nível de mão-de-obra a receber salário mínimo que é muitíssimo elevado na área da indústria e noutros setores. Portanto, mais do que a criação de emprego, o que gostaríamos é que estas propostas possam permitir uma evolução na qualidade dos empregos", referiu João Neves.

De acordo com o governante, a Comissão Europeia está "a preparar uma comunicação sobre política industrial" tendo como centro da discussão "o papel que os 'clusters' podem ter na construção de uma solução para a Europa que reforce aqueles que são os elementos de competitividade das estruturas industriais europeias".

De acordo com o secretário de Estado, o objetivo é que a atividade industrial se alicerce "num contexto de cadeias mais curtas de produção, porque a lógica de ter cadeias muito alongadas tem dificuldades de sustentação, não apenas por circunstâncias especiais como as que decorrem daquilo que fomos vivendo ao longo do ano, mas porque se percebe os impactos ambientais associados ao transporte de mercadorias numa escala global".

Por isso, realçou, "a regionalização das cadeias de produção vai ter no mundo global uma importância muito mais forte do que tem hoje", acrescentando que "estes temas ao nível da Europa envolvem não só discussão, mas também ação" e transformação "daquilo que são os instrumentos que podem permitir que a Europa faça estas mudanças mais rapidamente ao nível da política industrial e comercial".

O secretário de Estado reconheceu que "há sempre uma discussão sobre a dimensão legislativa da União Europeia [UE]", questionado sobre as queixas das empresas acerca do excesso de regulamentação, salientando que "mais importante do que isso é que as regras a nível global sejam idênticas".

Para João Neves, "sobre as questões ambientais e regras sociais, mais importante do que a UE diminuir o ritmo de legislação, que pode ser excessivo, é que haja uma tendência para que a regulação destes domínios seja global e que as regras de funcionamento do mercado, nomeadamente dos produtores de fora da Europa que exportam para a Europa sejam tendencialmente similares às que os produtores europeus têm de cumprir".

O secretário de Estado garantiu que "esse é um debate que vai acontecer ao nível da conferência".

Em relação aos setores em cima da mesa para reforçar a industrialização, João Neves disse que não eram apenas os chamados "tradicionais" e com "aqueles que tem uma dimensão mais de futuro, à volta das questões associadas às novas fontes de energia, mobilidade mais sustentável, novos medicamentos e produtos de saúde".

A conferência "Guia de Viagem a uma Economia Competitiva" tem lugar esta quarta-feira, para debater os temas ligados a reindustrialização a nível europeu, no âmbito da Presidência Portuguesa. 

 

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