"Não posso dizer que a operação devesse ter ido ou não ao 'compliance'. O que posso dizer é que não me recordo de a ter visto lá, no tempo que estive lá", disse hoje Francisco Santos no parlamento.
O diretor da área de conformidade do Novo Banco desde 2015 até 2017 foi hoje ouvido na Comissão Eventual de Inquérito Parlamentar às perdas registadas pelo Novo Banco e imputadas ao Fundo de Resolução.
A afirmação foi feita acerca da reestruturação da dívida da Promovalor, que foi realizada através da Capital Criativo (hoje C2 Capital Partners) de Nuno Gaioso Ribeiro e que tinha, à data, como sócio, o filho de Luís Filipe Vieira, Tiago Vieira.
Segundo o deputado do PS Eduardo Barroco de Melo, o Banco de Portugal, de acordo com uma nota, "levanta dúvidas sobre esta operação se realizar com a Capital Criativo, na medida em que não é possível conhecer em detalhe todos os aspetos da sociedade, nem a profundidade e o histórico de relacionamento" entre as duas entidades.
De acordo com o socialista, a nota reforça que "havia relações de proximidade da Capital Criativo com a Promovalor, que podiam suscitar conflitos de interesse".
"Eu diria que não passou mesmo. Não me recordo de ter passado, francamente não me recordo. E acho que me recordaria se tivesse passado, mas não passou, acho eu. Tenho quase a certeza que não passou", reforçou Francisco Santos.
Já questionado pelo deputado Duarte Alves (PCP) sobre se houve reuniões com o Fundo de Resolução (FdR), Francisco Santos negou.
"Enquanto eu estive lá não tive qualquer articulação ou intervenção com o Fundo de Resolução. Nenhuma. Nem reunião tive, francamente não me recordo", referiu o antigo responsável do Novo Banco.
Por outro lado, Francisco Santos afirmou que "globalmente" as recomendações da área de conformidade foram cumpridas pelo Novo Banco.
"Pode não ter sido uma ou outra, mas isso é como tudo na vida, não se tem de cumprir a 100%. A razão não está sempre de um só lado", referiu, lembrando a existência da área comercial do banco.
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