Ações da Evergrande caem para mínimos desde 2010
As ações da construtora chinesa Evergrande caíram hoje para mínimos desde 2010, na bolsa de Hong Kong, após o anúncio do grupo de que poderá não conseguir pagar as dívidas.
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Economia Evergrande
Pouco depois das 11:00 (03:00 em Lisboa), os títulos da Evergrande caíram 10,2%, com uma perda acumulada de 85,7% este ano.
O gigante imobiliário chinês, com uma dívida de 310 mil milhões de dólares (275 mil milhões de euros), avisou na sexta-feira que pode vir a não conseguir "cumprir as suas obrigações financeiras".
De imediato, os reguladores chineses garantiram que os mercados financeiros chineses podem ser protegidos de um grande impacto.
Os economistas consideram baixa a probabilidade de uma crise nos mercados internacionais, mas bancos e obrigacionistas podem sofrer perdas pesadas, uma vez que os dirigentes de Pequim querem evitar o resgate da construtora.
Em comunicado divulgado na sexta-feira na bolsa de Hong Kong, a Evergrande informou que, depois de analisar as suas finanças com consultores externos, "não há garantias de que o grupo tenha fundos suficientes para continuar a cumprir as suas obrigações financeiras".
Pouco tempo depois, os reguladores procuraram acalmar os investidores, assegurando que o sistema financeiro chinês é forte e que as taxas de incumprimento são baixas.
Acrescentaram que muitos promotores imobiliários são financeiramente saudáveis e que Pequim vai continuar a deixar funcionar os mercados de crédito.
"O risco de contágio dos eventos de risco do grupo no funcionamento estável do mercado de capitais é controlável", asseverou a comissão reguladora do mercado de capitais chinesa, no seu portal na internet.
O banco central e o banco regulador fizeram declarações semelhantes.
Os dirigentes de Pequim aumentaram no último ano as restrições aos níveis de endividamento dos promotores imobiliários, procurando controlar a crescente dívida empresarial, vista como uma ameaça para a estabilidade económica.
O Partido Comunista tem feito da redução dos riscos financeiros uma prioridade desde 2018.
Em 2014, as autoridades autorizaram o primeiro incumprimento obrigacionista desde a revolução de 1949.
As autoridades chinesas têm permitido incumprimentos de forma gradual, na esperança de forçar credores e investidores a serem mais disciplinados.
Não obstante, o endividamento total de empresas, governo e famílias aumentou de cerca de 270% do Produto Interno Bruto de 2018 para cerca de 300% no ano passado, valores pouco vistos em economias de países com rendimentos médios.
A Evergrande, o maior devedor da indústria da construção, tem uma dívida de dois biliões de yuans (310 mil milhões de dólares), na maioria devido a bancos domésticos e investidores em obrigações. Também deve 19 mil milhões de dólares (16,8 mil milhões de euros) a obrigacionistas estrangeiros.
A companhia tem vendido ativos para pagar dívidas e anunciou planos para dar a alguns obrigacionistas apartamentos em projetos que está a construir.
O presidente da Evergrande, Xu Jiayin, foi chamado na sexta-feira para uma reunião com dirigentes da sua província, Guangdong, informou o governo, em comunicado. Na nota, adiantava-se que uma equipa governamental iria ser enviada para a sede da Evergrande para ajudar a gerir o risco.
Os problemas da Evergrande desencadearam alertas para a possibilidade de uma crise financeira no imobiliário -- um setor que propulsionou o crescimento económico explosivo da China entre 1998 e 2008 --- poder conduzir a problemas para os bancos e a um colapso súbito e politicamente perigoso do crescimento económico.
O comunicado da Evergrande adianta que a empresa enfrenta solicitações para honrar um pagamento de 260 milhões de dólares (230 milhões de euros). Se não for capaz de cumprir, previu, então outros credores podem vir a exigir o reembolso antecipado.
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