Bruxelas quer resolver "encruzilhada" na parceria com relações comerciais

O vice-presidente executivo da Comissão Europeia Valdis Dombrovskis admitiu hoje que a parceria entre a União Europeia (UE) e África está "numa encruzilhada", pretendendo resolvê-la com melhores relações comerciais e de investimento, nomeadamente após a cimeira desta semana.

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Lusa
16/02/2022 14:08 ‧ 16/02/2022 por Lusa

Economia

África

"Na Europa, acreditamos firmemente que a África é muito mais do que apenas o nosso vizinho, é o nosso parceiro natural e, por essa razão, nova estratégia comercial da UE, lançada há um ano, destaca África como uma prioridade, o que sublinha a importância especial que lhe atribuímos, mas reconhecemos que nos encontramos numa encruzilhada quando se trata da nossa parceria", declarou Valdis Dombrovskis.

Intervindo no 7.º Fórum Empresarial UE-África 2022, um dia antes de os dirigentes da União Europeia e da União Africana (UA), bem como dos respetivos Estados-membros, se reunirem em Bruxelas para a sexta cimeira conjunta, o também titular europeu da pasta do Comércio vincou que "agora é o momento de melhorar as relações comerciais e de investimento".

"Uma integração mais estreita é do nosso claro interesse mútuo" e, nesse âmbito, "a cimeira desta semana, bem como o Fórum Empresarial que a acompanha, são uma oportunidade bem-vinda para avançar", salientou Valdis Dombrovskis.

Para o responsável, a UE e a UA devem "explorar formas de reformular a parceria estratégica", o que deve passar a ser "uma parceria de iguais, baseada numa clara compreensão dos interesses mútuos e recíprocos".

Falando em "várias vias abertas" entre os dois continentes, Valdis Dombrovskis aludiu à intenção da UE de estabelecer uma plataforma para o diálogo político com a UA e os seus membros com forte apoio à Zona de Comércio Livre Continental Africana, de alargar e aprofundar os Acordos de Parceria Económica e reforçar a sua dimensão de sustentabilidade e ainda de modernizar as relações comerciais e de investimento com os países do Norte de África e África Subsaariana.

"Acreditamos que uma maior integração económica em África pode desencadear uma vaga de oportunidades. Pode apoiar o vasto potencial africano de inovação, engenhosidade, investimento e criação de emprego", adiantou.

A Zona de Comércio Livre Continental Africana é uma área de livre comércio em vigor desde janeiro de 2021 destinada a trocas comerciais de mercadorias.

A UE é o principal parceiro comercial de África, enquanto os países africanos representam o quarto maior parceiro comercial da Europa.

Entre 2016 e 2019, as trocas comerciais entre os dois continentes aumentaram 20%, uma tendência positiva temporariamente invertida pela pandemia.

Os líderes da UE e da UA reúnem-se entre quinta e sexta-feira em Bruxelas, na sexta cimeira UE/África, sucessivamente adiada devido à pandemia, com o objetivo de revitalizar uma parceria 'ameaçada' pela presença russa e chinesa no continente africano.

Quase cinco anos depois da última reunião de líderes da UE e UA, celebrada em Abidjan em 2017, esta cimeira, originalmente prevista para 2020, pode finalmente ter lugar em formato presencial face à evolução da situação sanitária, e terá mesmo quase 'casa cheia', com a presença prevista de cerca de 70 delegações ao mais alto nível dos Estados-membros das duas organizações, incluindo Portugal e os Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP).

Um dos principais 'resultados' concretos desta cimeira, cujo objetivo é revitalizar a parceria UE-UA tendo em conta os novos desafios globais.

Leia Também: Hungria acusa Bruxelas de "abuso de poder"

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