O primeiro-ministro, António Costa, considerou esta quinta-feira que ainda é cedo para avaliar o possível impacto do conflito na Ucrânia na economia e, em particular, no Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), mas defendeu ser essencial que a União Europeia (UE) diversifique as suas fontes de abastecimento de energia.
"É cedo para fazer essa avaliação", respondeu o primeiro-ministro, em conferência de imprensa, quando questionado pelos jornalistas sobre se a tensão na Ucrânia vai obrigar o Governo a mudar o OE2022.
Na opinião do primeiro-ministro, é necessário "saber qual é a extensão e duração do conflito" para depois avaliar o possível impacto. "Em segundo lugar, em função das sanções que a UE hoje irá aplicar, que contramedidas serão aplicadas ou não por parte da Rússia, ou se pura e simplesmente acatará aquilo que é o seu dever de respeito pelo direito internacional. E só em função disso poderemos fazer uma avaliação integral da situação", alegou António Costa.
Logo a seguir, o primeiro-ministro assinalou que Portugal, "felizmente, é menos dependente do que outros Estados-membros da Europa em matéria energética da Rússia". "Esperamos, aliás, que esta seja uma ocasião para que a União Europeia possa olhar para a questão da sua segurança energética numa ótica de 360 graus e perceber como é fundamental, em primeiro lugar, diversificar as fontes de abastecimento de energia à Europa", defendeu.
António Costa considerou ainda essencial "diversificar também as energias utilizadas na Europa e, designadamente, a necessidade de acelerar o processo de descarbonização e de uma melhor utilização das energias renováveis".
"Nesse contexto, o aumento das interconexões entre Portugal e Espanha e de Espanha com o conjunto da Europa são absolutamente decisivos para aumentar significativamente a segurança energética da Europa. E, por outro lado, a articulação de Portugal com um conjunto de países africanos que são fornecedores de energia, e também com as importações que podem vir dos Estados Unidos da América, onde temos infraestruturas para acolhimento e exportação", acrescentou.
António Costa falava em conferência de imprensa, em São Bento, depois de uma reunião com os ministros de Estado e dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, da Defesa Nacional, João Gomes Cravinho, e com o chefe do Estado Maior General das Forças Armadas, almirante Silva Ribeiro.
O primeiro-ministro afirmou ainda que Portugal dispõe de uma força militar que será disponibilizada para missões de dissuasão, caso seja essa a decisão do Conselho do Atlântico Norte, mas afastou uma intervenção da NATO na Ucrânia.
[Notícia atualizada às 11h35]
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