O governador do Banco de Portugal (BdP), Mário Centeno, admitiu esta segunda-feira um cenário de estagflação na zona euro - situação em que uma economia não cresce, o desemprego aumenta e os preços sobem -, no seguimento do ataque da Rússia à Ucrânia.
"Estou convencido de que prevalecerá a tração de crescimento que a economia vinha a seguir", disse Centeno em entrevista à Bloomberg, acrescentando que "um cenário próximo da estagflação não está fora das possibilidades que podemos enfrentar".
Centeno considera, por isso, que é necessário "ajustar" as políticas a essa possibilidade.
A designação estagflação descreve o período vivido na década de 1970 e início da década de 1980 (marcado pelo aumento dos preços do petróleo) em que houve inflação elevada (em alguns países superou os 10%), taxas de crescimento económico baixas e taxas de desemprego altas. Mais recentemente, esse receio tem sido falado devido aos problemas nas cadeias de abastecimento de produtos e alta dos preços da energia.
O Banco Central Europeu (BCE) disse na semana passada que está a acompanhar a situação na Ucrânia e tê-la-á em conta ao considerar a sua política monetária na próxima reunião de 10 de março.
Um porta-voz disse à EFE que "o BCE está a observar atentamente as implicações da situação na Ucrânia". "Na reunião de março, realizará uma análise abrangente das perspetivas económicas. Isto inclui desenvolvimentos recentes na área geopolítica", de acordo com o porta-voz do BCE.
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