De acordo com um decreto publicado no sítio na Internet do Kremlin, os residentes na Rússia estão proibidos de transferir divisas para o estrangeiro a partir de terça-feira.
Além disso, os exportadores russos terão de converter em rublos 80% das receitas em moeda estrangeira desde 01 de janeiro e continuar a manter um rácio de 80% de liquidez em rublos no futuro.
O anúncio destas medidas dramáticas surge numa altura em que a economia russa tenta reforçar as defesas contra as sanções anunciadas pelos países ocidentais em reação à invasão da Ucrânia por parte de Moscovo, iniciada na passada quinta-feira.
Ainda hoje, o Canadá proibiu as suas instituições financeiras de efetuarem "transações" com o Banco da Rússia para o impedir de utilizar as reservas cambiais internacionais e limitar a capacidade de Moscovo de financiar a guerra.
"Vamos continuar a trabalhar em estreita colaboração para responsabilizar a Rússia pela sua invasão injustificada da Ucrânia", afirmou o primeiro-ministro canadiano, Justin Trudeau, que anunciou pela rede social Twitter que a proibição entrou em vigor "imediatamente" e que a decisão foi tomada "em coordenação" com os outros países do G7 (os mais industrializados do mundo).
Além disso, o Canadá impôs um congelamento de ativos e uma proibição de realizar operações com fundos soberanos de investimento russos.
A decisão dos canadianos segue-se às medidas anunciadas particularmente pelos Estados Unidos e a União Europeia, que anunciaram a exclusão de certos bancos russos do sistema de pagamento bancário internacional Swift e proibiram todas as transações com o Banco Central Russo.
Esta última medida visa neutralizar algumas das enormes reservas em moeda estrangeira que a Rússia acumulou nos últimos anos, especialmente a partir de receitas petrolíferas.
A venda de divisas estrangeiras é uma das principais ferramentas utilizadas pelos países que desejam sustentar a sua moeda nacional.
Porém, o rublo caiu hoje em relação ao dólar e ao euro na abertura dos mercados, atingindo mínimos históricos.
As sanções ocidentais já levaram o Banco Central russo a aumentar a taxa de juro em 10,5 pontos percentuais para 20%, de forma a conter a inflação.
A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já mataram mais de 350 civis, incluindo crianças, segundo Kiev. A ONU deu conta de quase 500 mil refugiados para a Polónia, Hungria, Moldova e Roménia.
O Presidente russo, Vladimir Putin, disse que a "operação militar especial" na Ucrânia visa desmilitarizar o país vizinho e que era a única maneira de a Rússia se defender, precisando o Kremlin que a ofensiva durará o tempo necessário.
O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional e a União Europeia e os Estados Unidos, entre outros, responderam com o envio de armas e munições para a Ucrânia e o reforço de sanções para isolar ainda mais Moscovo.
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