Na apresentação do boletim económico de março, hoje no Museu do Dinheiro, em Lisboa, o responsável do regulador bancário disse esperar uma trajetória de equilíbrio orçamental ao longo do horizonte de projeção, num esforço que permita um valor "próximo de 110% em 2024" e com condições "para atingir 100% do PIB em 2026".
Mário Centeno salientou que a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) "é absolutamente crucial".
"Em alguns destes cenários, se o PRR não for executado, as taxas de crescimento em cadeia podem ser significativamente reduzidas. A execução do PRR a partir do momento em que está definido e contratualizado é algo absolutamente essencial", disse, acrescentando existir a "necessidade de aumentar a proporção de investimento público que é financiado por fundos europeus".
Defendeu ainda a importância de "favorecer a previsibilidade da fiscalidade em Portugal".
Quando questionado pelos jornalistas durante a conferência de imprensa sobre a nomeação de Fernando Medina para a pasta das Finanças, o governador do BdP escusou-se a comentar, afirmando que o banco central apenas tem de ser vigilante em relação à inflação.
"O próximo ministro das Finanças é o próximo ministro das Finanças. Não há outro comentário que possa fazer", disse.
O ex-presidente da Câmara de Lisboa Fernando Medina foi o nome escolhido pelo primeiro-ministro, António Costa, para suceder a João Leão na tutela das Finanças, foi anunciado esta quarta-feira.
Questionado pelos jornalistas sobre se irá manter-se vigilante sobre a condução da política orçamental por Fernando Medina, o ex-ministro das Finanças, que abandonou o Governo em 2020, afirmou que "o banco central é vigilante só sobre os preços e aí teremos de redobrar a nossa vigilância, que é o que temos feito nos últimos meses".
Mário Centeno frisou, no entanto, que as contas públicas têm em 2021, daquilo que é conhecido - das estimativas que vamos fazendo e acompanhando - um comportamento muito positivo".
"Do ponto de vista macroeconómico, gosto de olhar para esses números e sinalizar que, pela primeira vez, num contexto de crise, o país não tem indicadores orçamentais compatíveis com os procedimentos por défice excessivo. Isto não é dizer pouco da política orçamental", disse o governador do BdP, salientando que "o ponto de partida é muito positivo".
O responsável do supervisor diz que "aquilo que é compatível com o que é conhecido da política orçamental é uma trajetória de redução da dívida que obviamente tem de ser acompanhada de uma trajetória de redução mais alisada".
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