"Como parte da nossa contribuição para melhorar o comércio intra-africano, devemos dar preferência às nossas empresas estatais e negócios privados nos concursos a contratos de compras significativos nos países uns dos outros, em vez de adquiri-los fora do continente", salientou o Presidente da República sul-africano.
"Contamos poder explorar mais oportunidades de investimento para as empresas sul-africanas na Guiné-Bissau, em áreas como agricultura, mineração, energia, indústria transformadora e infraestruturas", declarou.
Na ótica do líder sul-africano, o investimento "beneficiaria ambos" os países, "permitindo à Guiné-Bissau obter maior valor dos seus recursos naturais e proporcionando às empresas sul-africanas novas oportunidades de crescimento".
O chefe de Estado sul-africano falava no final de conversações em Pretória, a capital do país, com o seu homólogo da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, que hoje iniciou uma visita oficial de quatro dias à África do Sul.
Durante as conversações bilaterais com o seu homólogo africano, Ramaphosa frisou que a medida "deve fazer parte" da implementação da Área de Livre Comércio Continental Africana, acrescentando que existem "múltiplas" vias de cooperação para aumentar o comércio bilateral entre Pretória e o seu aliado lusófono da África Ocidental.
Todavia, o chefe de Estado sul-africano referiu que "embora grande parte do continente usufrua dos benefícios da democracia, paz e estabilidade, ainda existem bolsas de insegurança e conflito no continente".
"Juntamo-nos à União Africana [UA] e à CEDEAO na condenação da tentativa de golpe ocorrida na Guiné-Bissau em fevereiro deste ano", salientou Ramaphosa.
"A onda de mudanças inconstitucionais de governo em partes do nosso continente contraria as aspirações da Agenda 2063 de um continente integrado, pacífico e próspero. Também atrasa o nosso objetivo comum de silenciar as armas em todo o continente", declarou.
Nesse sentido, o presidente sul-africano apelou às partes a iniciarem "um diálogo construtivo e pacífico, de boa-fé e dentro dos limites da lei, ao abordar qualquer conflito, disputa ou desacordo".
Ramaphosa referiu que a visita de Umaro Sissoco Embaló "é uma oportunidade" para discutir as posições que podem "defender mutuamente na próxima Cimeira da UA sobre Terrorismo e Extremismo Violento agendada para 28 de maio de 2022 em Malabo, na Guiné Equatorial".
O Presidente sul-africano considerou também que a recuperação económica do continente "está dependente da vacinação de mais pessoas contra a covid-19".
"É motivo de grande preocupação que a comunidade global não tenha sustentado os princípios de solidariedade e cooperação quando se trata de acesso equitativo a vacinas", sublinhou.
"Portanto, é ainda mais urgente que os países africanos cooperem para produzir as nossas próprias vacinas e que reforcemos os nossos sistemas de saúde para que essas vacinas cheguem às pessoas que mais precisam delas", advogou.
Sobre a visita oficial do Presidente Umaro Sissoco Embaló à África do Sul, Ramaphosa considerou ser "uma honra receber" a delegação da Guiné-Bissau, "país com uma história tão grande e orgulhosa na luta pela libertação do nosso querido continente, e berço de Amílcar Cabral, um dos melhores filhos de África".
"Nos dias sombrios do 'apartheid', enquanto os nossos compatriotas lutavam contra um regime injusto, fomos fortemente influenciados pelos seus escritos, e a luta pela independência da Guiné-Bissau nos inspirou muito", explicou.
"Não teríamos alcançado a nossa libertação sem o apoio dos nossos irmãos e irmãs do continente", referiu o Presidente Cyril Ramaphosa, que é também presidente do Congresso Nacional Africano (ANC), partido no poder na África do Sul desde 1994.
A África do Sul e a Guiné-Bissau criaram uma Comissão Bilateral Conjunta (JBC, na sigla em inglês) após a assinatura de um acordo de cooperação em setembro de 2008, segundo a Presidência da República sul-africana.
Nesta deslocação à África do Sul, Umaro Sissoco Embaló faz-se acompanhar de cinco ministros, nomeadamente dos Negócios Estrangeiros e Cooperação, Recursos Naturais e Energia, Defesa, Comércio e Indústria, e Saúde Pública, segundo uma nota da Presidência da República da Guiné-Bissau.
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