"Desafiante". Agência portuguesa da energia preside a rede europeia

A Agência Portuguesa da Energia (ADENE) preside à Rede Europeia de Energia (EnR) numa "conjuntura muito desafiante" de crise energética na Europa agravada pela guerra na Ucrânia, querendo combater problemas como o da pobreza energética, segundo o presidente.

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Lusa
22/06/2022 09:47 ‧ 22/06/2022 por Lusa

Economia

ADENE

[uma conjuntura] muito desafiante. Obviamente que temos de ter em conta que são 24 agências de energia [agregadas na EnR], mas mesmo assim conseguimos aprovar aqui uma agenda que vai dar seguimento a um trabalho que já vinha e que estava a ser feito pela anterior [presidência], mas com uma nova ambição, de dar resposta aos desafios europeus", afirma o presidente da ADENE, Nelson Lage, em entrevista à agência Lusa em Bruxelas.

No dia em que esta rede voluntária de agências europeias de energia promove na capital belga uma mesa redonda de alto nível de decisores políticos UE-África sobre transição energética, o responsável salienta à Lusa "a importância desta presidência portuguesa coincidir também com o momento decisivo que se vive, não só no que diz respeito à crise energética, mas também todos os temas que estão relacionados com ela e também o impacto que a própria guerra está a ter neste setor".

Com a presidência da EnR, desde fevereiro passado quando começou a guerra da Ucrânia causada pela invasão russa até fevereiro de 2023, a ADENE quer então focar-se em cinco áreas para apoiar a criação de políticas públicas, como a do combate à pobreza energética, das energias renováveis, da utilização mais eficiente dos recursos, da promoção dos empregos e competências 'verdes' e ainda na cooperação internacional.

Uma delas, a da pobreza energética, "é uma questão que, mesmo que não fosse a guerra, já era bastante preocupante a nível europeu e em Portugal também", mas "agora é ainda mais", refere Nelson Lage.

Por essa razão, a presidência portuguesa da EnR quer estudar a situação nos 24 países abrangidos pela rede, incluindo Portugal, que o responsável da ADENE reconhece ter "índices de pobreza energética consideráveis", daí ter projetos com "muitos milhões de euros dedicados à eficiência energética".

"Obviamente que a guerra que vivemos vai acentuar os índices de pobreza energética e por isso é que os países estão a trabalhar no sentido de implementar políticas públicas para colmatar essa esse problema", adianta Nelson Lage à Lusa.

A ADENE é uma agência pública, sob a tutela do secretário de Estado do Ambiente e da Energia e do Ministério do Ambiente e da Ação Climática, para apoiar políticas públicas em Portugal no setor energético.

A EnR é uma rede voluntária com 24 agências de energia nacionais na Europa, responsáveis pelo planeamento, gestão ou revisão dos programas nacionais, que visa ainda apoiar a tomada de decisões políticas ao nível europeu. Desta rede fazia ainda parte a Rússia, que foi expulsa aquando da invasão da Ucrânia em fevereiro passado.

A posição surge numa altura de conflito na Ucrânia provocado pela invasão russa, tensões geopolíticas essas que têm vindo a pressionar o mercado energético europeu, já que a UE importa 90% do gás que consome, sendo a Rússia responsável por cerca de 45% dessas importações, em níveis variáveis entre os Estados-membros.

A Rússia é também responsável por cerca de 25% das importações de petróleo e 45% das importações de carvão da UE.

A Comissão Europeia tem vindo a defender a necessidade de garantir a independência energética da UE face a fornecedores não fiáveis e aos voláteis combustíveis fósseis.

Leia Também: ADENE destaca "momento decisivo" para avançar com interligações ibéricas

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