Reserva Federal 'salva' Wall Street desiludida com grandes bancos

A bolsa nova-iorquina encerrou esta quinta-feira sem direção, mas a recuperar no final da sessão, graças a declarações de dirigentes da Reserva Federal (Fed) que aliviaram os investidores, ao admitirem uma subida da taxa de juro abaixo do esperado.

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© Reuters

Lusa
14/07/2022 23:47 ‧ 14/07/2022 por Lusa

Economia

EUA

Os resultados definitivos do dia indicam que o índice seletivo Dow Jones Industrial Average perdeu 0,46% e o alargado S&P500 recuou 0,30%, mas que o tecnológico Nasdaq avançou 0,03%.

Os investidores reagiram às declarações de dois dirigentes da Fed, o governador Christopher Waller e o presidente da antena de St. Louis, James Bullard, que se pronunciaram hoje a favor de uma subida da taxa de juro de referência em 0,75 pontos percentuais (pp), por ocasião da próxima reunião do comité de política monetária da instituição (FOMC, na sigla em Inglês), em 26 e 27 de julho.

"Insistiram publicamente, nos últimos meses, no controlo da inflação" e na subida da taxa de juro, disse Christopher Vecchio, de DailyFX. "Portanto, o facto de ambos sugerirem que 0,75 pp é apropriado dá aos investidores uma razão para rever a ideia de que se está a preparar uma subida da taxa em um ponto percentual".

Na quarta-feira, os investidores tinham reagido mal à publicação de um índice de preços no consumidor (CPI, na sigla em Inglês) acima das expectativas e apostavam que a Fed ia optar por uma subida de um pp em julho, o que seria uma novidade na era moderna.

Mas, depois das afirmações destes banqueiros centrais, voltaram a privilegiar a hipótese de 0,75 pp.

Para Quincy Krosby, da LPL Financial, Wall Street também foi sensível a outras afirmações de Christopher Waller, que disse que a economia não estava em recessão e que, pelo contrário, iria continuar a crescer, se bem que a um ritmo mais lento.

A analista, não obstante, preveniu que nada está decidido quanto à reunião do FOMC, com alguns indicadores a poderem modificar a opinião dos dirigentes da Fed.

Os investidores vão seguir com atenção os resultados de inquérito da Universidade do Michigan sobre a confiança dos consumidores, que inclui as suas expectativas sobre a inflação a cinco anos.

"Se estas expectativas subirem de forma significativa, isso vai dificultar a tarefa da Fed", na sua opinião.

Globalmente, a confiança dos investidores continua contida e a maior parte das estatísticas conhecidas hoje só alimentou esta precaução.

Antes da abertura da bolsa, os bancos JPMorgan Chase e Morgan Stanley divulgaram os seus resultados trimestrais, ambos abaixo do que os analistas previam, tanto no que respeita ao volume de negócios, como aos lucros. Acabaram a sessão com perdas, o primeiro de 3,49% e o segundo de 0,39%.

Em causa esta o travão que a banca de investimentos sofreu, depois de 2021 ter sido um ano fausto, graças às introduções em bolsa e a diversas operações de fusões e aquisições.

O JPMorgan Chase também viu o resultado afetado pelo aumento das provisões para crédito malparado, sinal de uma ligeira deterioração da economia, depois de no ano passado ter feito uma operação de sinal contrário.

Os investidores prepararam-se agora para numerosas empresas apresentarem resultados dececionantes, o que deve provocar uma "recalibragem do valor" das ações na bolsa, segundo Quincy Krosby.

Os indicadores macroeconómicos do dia só agravaram o ambiente.

As inscrições semanais no desemprego voltaram a aumentar, para 244 mil, acima do que os economistas esperavam.

Quanto ao índice de preços na produção (PPI, na sigla em Inglês) para junho, também saiu acima das previsões, em 1,1% em termos mensais, quando se esperavam 0,8%, o que levou Mahir Rasheed, da Oxford Economics, a considerar que "há mais inflação a caminho".

Leia Também: Crise em Itália coloca em perigo prémios de risco em países como Portugal

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