"A descida no 'rating' foi motivada pela significativa deterioração das finanças públicas da Nigéria, bem como na sua posição externa, que exerce cada vez mais pressão sobre o perfil de crédito soberano apesar de um forte aumento nos preços internacionais do crude em 2022", é referido na informação divulgada.
Para os analistas da Moody's, a deterioração nas métricas financeiras da maior economia da África subsaariana não deve melhorar em breve: "A nossa opinião é que estes desenvolvimento são parcialmente resultado da fraca governação e provavelmente vão durar; a forte queda na produção petrolífera de 2022 e a abrangência do oneroso subsídio aos combustíveis anularam quase por completo o aumento das receitas governamentais provenientes da exportação de petróleo", afirmam.
Além da descida no 'rating' para B3 - um dos mais baixos na escala de não investimento, ou seja, 'lixo', como é geralmente conhecido -, a Moody's admite já uma nova descida devido "ao risco de aceleração da atual deterioração da posição orçamental e externa, o que enfraqueceria ainda mais a capacidade do Governo para servir a dívida, o que aumentaria o risco de incumprimento financeiro ('default')".
Na nota, a Moody's alerta também que uma extensão das maturidades da dívida dos credores privados, uma das hipóteses avançadas pela ministra das Finanças numa entrevista à agência de informação financeira Bloomberg, pode constituir um 'default', já que implica uma alteração das condições de pagamento aos credores privados.
A Nigéria, que recentemente perdeu para Angola o estatuto de maior produtor de petróleo na África subsaariana, não soube beneficiar do aumento dos preços do crude, que estão 42% mais elevados do que durante o ano passado, diz a Moody's, vincando que a queda de 32% na produção, este ano, "parece cada vez mais estrutural, devido aos constantes roubos e à crónica falta de investimento".
A deterioração do 'rating' da Nigéria surge na mesma altura em que outros países africanos viram o 'rating' avaliado pelas agências de notação financeira, com a Moody's a manter a opinião sobre a Zâmbia (em default, no nível Ca) e a melhorar a perspetiva de evolução de Angola, e a Standard & Poor's a manter os 'ratings' do Egito (B) e de Moçambique, em CCC+.
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