Num relatório hoje divulgado, a Moody's Investors Service afirma que é esperado que os preços da energia por grosso na Europa "continuem a níveis historicamente elevados a médio prazo, apesar de diferenças entre países".
"O equilíbrio entre oferta e procura de eletricidade no próximo inverno será apertado na maior parte dos mercados do noroeste europeu", refere a Moody's, que aponta três fatores: baixa disponibilidade do nuclear em França, baixa produção através de recursos hídricos e riscos ligados ao fornecimento de gás natural e consequente redução da geração de energia através deste combustível fóssil.
No documento, os analistas da Moody's assinalam, também, que os riscos de um possível nacionalismo energético poderem limitar as exportações "estão a aumentar".
A curto prazo, e para suprir as necessidades energéticas a produção energética a partir de carvão "terá um revivalismo e a descarbonização no setor energético dará um passo atrás".
Ainda assim, as expectativas são de uma redução das necessidades de energia -- seja através da diminuição da demanda industrial devido aos elevados preços, seja através das medidas de poupança aplicadas de forma voluntária.
Relativamente a Portugal e Espanha, os preços do mercado grossista deverão continuar a ser estabelecidos pelo preço do gás na península, que tem estado abaixo do preço de referência dos Países Baixos e que está menos exposto aos riscos de interrupções do fornecimento de gás russo.
"Em Portugal, os níveis das tarifas reguladas beneficiam da abundância de fontes de energias renováveis competitivas, diminuindo os riscos de intervencionismo político", acrescenta o documento.
"Os riscos de intervenção política são maiores em Espanha do que em Portugal. Em Portugal, os níveis das tarifas reguladas beneficiam da grande quantidade de acordos competitivos de compra e venda de energia ("PPA" em inglês) de origem renovável de longo prazo, o que diminui os riscos de intervencionismo político", assinalou o vice-presidente e 'senior credit officer' do Moody's Investors Service, Benjamin Leyre, em declarações enviadas à Lusa.
No caso espanhol, Leyre explicou que o Governo "avalia a aplicação de um imposto sobre a receita das empresas de energia e um 'clawback' sobre os lucros obtidos por empresas não emissoras de dióxido de carbono", bem como uma reforma da estrutura tarifária regulada de eletricidade, a fim de reduzir sua volatilidade.
Os dados recolhidos pelos analistas da Moody's referem ainda que Portugal foi o nono país que alocou uma maior percentagem do seu Produto Interno Bruto para enfrentar a crise energética entre os 28 presentes (27 da União Europeia mais Reino Unido).
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